quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

EL CONDOR (Pássaro purificado)




Nunca andes pelos Andes com dor,
Quando olhar para o céu altiplano
Ostente a imagem do pássaro purificado
El condor.

As linhas de nascar, o sol sagrado.
A imagem dos incas, arquitetos.
Dos pisos aos tetos.

As divindades e mitos, os ritos.
Lembranças em ruínas na parede
Da alma, fortificai a calma.

Oh pássaro purificado, abra suas asas sobre os povos
Incremente liberdade, cuide das crianças de pouca idade.
Não os faça virar guerreiros espanhóis, lembre que depois das chuvas.
Brilha os sóis.

Sobrevoe o mundo e deixe cair suas penas,
Tanta Carhua abençoa as varias cenas,

Topa Hualpa enganou a tradição,
Arco de flechas e zarabatanas
Huyana Capac fez a guerra da sucessão.

Francisco Pizarro impiedoso
Executou Atahualpa,
Dizimando a geração.

Quando o sol brilha nos Andes
Não andes com dor.
Lembre do pássaro purificado
El condor.


Romir Fontoura

terça-feira, 18 de dezembro de 2007


"O que tece a vida são os valores dos costumes passados que são repassados a outras gerações"


~~*~~ Romir Fontoura~~*~~

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

ORAÇÕES, ORAS AÇÕES




O cálice sagrado sobre a mesa majestosa,
Vinho nobre e hóstia consagrada, altar cravejado de ouro.
Velas em parafinas finas.

Oras ações dos fieis que enchem a
Sacola do templo para ajudar na “simplória luxuria”,
Os sacerdotes cheios de dotes “agradecem” em orações.

Quando o pecado sovela
Apela para a capela, ou atina para o homem de batina.
Aprece sua prece, aguarde sua vez na fila e deposite uma moeda.
Faça sua confissão e receba de “graça” sua graça.

Veja o tamanho da igreja suntuosa,
Os santos ocos são obras do barroco,
Escondiam a gana da grana, que revestiam os templos.
E aumentava a riqueza “virtuosa”.

Oras ações dos turistas que visitam e pagam em dólar
Os párocos “ocos” (como os santos) “agradecem” em orações.

Receba sua indulgência com urgência,
Poste as mãos e reze só pare quando a sacola passar
Deposite uma moeda, volte às orações.
Os clérigos precisam dos fieis e sua oras ações.


Jesus pelo que se saiba era muito mais solidário, expansivo e complacente, lutava pelas causas vitais e pelo pouco fazia muito, ao contrário da igreja que pelo muito faz pouco.



Romir Fontoura

domingo, 2 de dezembro de 2007

POBREZA EXISTENCIAL



A vida não se resume só a grandes quantias... Cifras e outros valores materiais. As coisas incalculáveis, que restauram o sentimento, que revestem a alma são pequenas, miúdas, singular.
Até hoje poucos me perguntaram o que realmente quero, almejo ou desejo de fato, os poucos pelo qual consigo expressar essa sensibilidade são os que estão pronto pra falar de qualquer assunto, e carinhosamente costumo chama-los de “relevantes” pessoas que realmente solvem a sensibilidade da causa dos outros que na amplitude acaba sendo uma causa de todos nós.
Não só de moedas, riquezas, empreendimentos milionários, insumos palpáveis, se resume o substancial de uma vida. Vivo muito além de ser o que eles queriam que fosse, um receptor de ordens imediatas onde o controle remoto está nas mãos dos ditos poderosos. Ou então um desalmado que passa em cima de tudo e de todo um rapaz que exibe as etiquetas da roupa de marca, um seguidor de conceitos já feitos e impostos, um marionete que expõe sua vida a mercê dos outros que o manipulam.... Mas ainda estou aqui, vivo assim, faço desse modo, descalços ou não, rasgados ou não.... Todos merecem respeito, respeito para sentirem humanos, valiosos e com oportunidades igualitárias.
Na verdade a ganância move nosso mundo todos correm atrás do ouro, prata, carvão, ferro, carro, casa de praia, carteira cheia e alma vazia, mas depois de tudo a mesma terra que todos pisam é a mesma que nos enterram.
Sabe se eu pudesse ia viver alternativamente plantando para comer nessa terra que apesar de tudo ainda brota alguma vida, tomando água da fonte, só som míseros pares de roupa e com os pés no chão sentindo a energia do solo, e isso é desmerecimento? É falta de atitude? É desperdício, como eles mesmos dizem.... mas lá fora o mundo é outro, um querendo engolir o outro, querendo cortar o pão com faca de lamina de prata, e escorrer a manteiga com utensílios de ouro. Mas ainda faço uma ceia para os mendigos, carentes, indigentes com utensílios de plástico mesmo... para isso ia me servir o dinheiro.... Esse bem dito e adorável dinheiro que se rasga na chuva, durável ate que ponto?
Estou mais “pobre” (menos apego) que antes, mesmo tendo um pouco mais de coisa hoje em dia, mas sabe o que vale a pena nisso tudo? Disso quase ninguém pergunta de nossa “inusitada pobreza existencial”. O que vale a pena é que posso falar com qualquer um, ir e vir sem dever, sem rabo preso, sem ter que da satisfação e prestar contas, e andar pelo dia ou perambular pela madrugada. No grande sistema chamado MUNDO; uns atrás do muito, outros atrás de pratos vazios, mas do jeito que as coisas estão o fundo do abismo será igual para todos: Negros, brancos, vermelhos, engravatados, hippies, políticos, bispos, mendigos, eu, você, o cara da esquina, a mãe, o pai, o filho. Sabe de uma coisa viver ta cada dia mais difícil fora da selva, porque lá os animais lutam pela pura sobrevivência, e os animais daqui da selva de concreto: lutam pela riqueza exagerada, bens de consumo, catástrofes, e a falta de divisão de um pão pelo menos dormido, velho... Como a mentalidade estacionária deles mesmos.
Mas se ainda estou aqui tenho que agüentar, andar na corda bamba, e fazer desse caminho um aliado e não tropeçar nas pedras que sobraram da destruição deles.
Já que o mundo que tenho pra viver é só esse, ainda tento, fico sempre atento.... Então me falam nos ouvidos ou ouço rumores, indiretas, sussurros, mas nunca uma autenticidade a não ser dos relevantes, sempre quer saber: “e ai que você ta fazendo? Está ganhando bem, dinheiro? Tens carro? Riquezas... só riqueza, mas nunca diz o simples, o oportuno:” vamos montar algo, pra ajudar alguém, vamos mudar esse quadro social, essa vida sofrida dos outros essa falta de oportunidade, mas cheia de oportunistas.
Mas o certo é que muitos ainda virão, ou talvez nem chegue... “E se alguém algum dia achar que isso aqui é ruim, saiba viver “distante”, mas perto deles, e quando for ouvi-los que seja para achar o caminho e não para abrir buracos nele” um dia ainda chego lá... E quando lá estiver vou lembrar daquele pão dormido que um dia saciou minha fome.



Romir Fontoura

"Belos tempos dos vinis, veiculos de locomoção mental e artistica"

sábado, 1 de dezembro de 2007

AS FERIDAS DA TERRA





Olho, nos olhos famélicos do tempo,
Sacio a sina clandestina
A era predestina o tino,
Como um badalo de um sino,
Em ressonâncias repentinas.

Dentro do circulo fino e frágil,
Úmido e alterado,
O mapa mundi
O reino fungi
A raça fundi.

A energia que gera
Uma nova era,
Uma tribo que já era.

Ajoelhe e reze
Faça suas preces
Acenda uma vela
Para as almas “desalmadas”
Mas não façam queimadas.

Todos os enfermeiros e curandeiros do planeta juntos
Não conseguiriam fazer um curativo nas feridas da terra,
nem desinfeta-la, pois os incalculáveis micróbios, vermes, parasitas humanos.
Já apossaram das feridas e construíram suas moradas.

Não existem custos para os recursos naturais,
O que faz a recarga da vida são as formas de vida,
Não é tão simples como fazer a recarga do cartucho de sua impressora
De ultima geração, que saiu dos recursos das frinchas das feridas da terra.


Romir Fontoura





"Não trago nos lábios um tal sorriso
Nem escuto uma palavra de rancor
No pensamento modifico os desejos
E na realidade se aprende a dor."




((Romir Fontoura))

resPIRAÇÃO

"Vamos resPIRAR, se não vamos PIRAR"



«««« Romir Fontoura »»»»

ESSÊNCIAS NATURAIS


A Eternidade da eterna idade.
A veia aorta da velha na horta.
O pé de bota com a calça que desbota.

A muda de couve flor, o pássaro ouve a flor.
Com a fertilidade da terra, a semente enterra,
A casa de madeira, o leite da mamadeira.
O filho pede a comida, a velha comovida.

O leite enche a barriga, a água irriga.
As fontes minam, as sementes germinam.

A satisfação que satisfaz a ação,
A fruta madura, a vida é curta, mas dura.
O cacho de uva, a gota de chuva.
A manhã de orvalho, o cheiro de alho.

O perfume da pureza, as cores da natureza.


Romir Fontoura



E CONTINUA ANDANDO....


Um vulto no escuro pede proteção, corre desesperado para dentro de si mesmo
Exala a voz, que cria motivos, a alma sangra e escorre.
Nada mais estanca, a dor da sombra é escura .

Mas quando ressurge, surge crescente, consistente como uma pilastra grega
Escarra nos pés dos seus senhores, chefes, comandantes supremos.
E anda sem destino pela calçada onde pisam as crianças descalças.

Saúda os vencidos, beija os maltratados e abraça os renegados
Bebe do malte, toma do chá, come da carne...
E continua andando sem destino, como um pivete abandonado...

Solta a voz, grita como um vendedor de artigos importados.
Dança com os lobos nas savanas, respira como os tuaregues no deserto.

E continua andando sem destino em planaltos, asfaltos, avenidas
Em terras distantes segue os amantes, banha-se nos rios perenes
Toca as sirenes..

Invade a casa dos magnatas come um pedaço de queijo e goiabada
Bebe água da fonte, defeca atrás dos montes e arrota na cara dos monges..

Agora já quer voar....
Sobe pelas turbinas, pede pra fechar as cortinas ..
Toma um drink, admira a aeromoça, e quando pula de para quedas cai na poça...

E continua andando sem destino, dorme no relento, acha um acalento
Toca um instrumento que retumba, visita a catacumba.

Agora já quer nadar...
Afana um caiaque, desce a corredeira, perde a estribeira
E rola de braçadas...

Visita o asilo, sente o brilho
Conversa em alemão com o velho “Riesel”
Troca moedas em óleo diesel.

Agora já quer dirigir...
Enche o tanque, assume o volante
Paisagens alteradas pela janela, da carona a moça banguela...
Compra uma dentadura, presenteia a criatura
Esquece a amargura...

Agora já quer fumar....
Junta-se aos hippies cura ate a gripe
Estende o pano, exibe os feitos, dá mais um trago
Balança a cabeça e enche o peito, vende os artefatos
Lembra-se dos fatos, e ri da desgraça...


Tira leite das vacas, usa chapéu de couro
Corre do touro, pega lenha pro fogão
Usa botas e esporão...

E continua andando...





Romir Fontoura





domingo, 25 de novembro de 2007

ESTIVE PENSANDO EM VOCÊ



Estive pensando em você,
Na sua face singular que esconde tal sorriso,
Presa dentro desta cavidade de alvenaria,
A ânsia em percorrer mundos distantes.
Vidas distantes, céus distantes de infinito azuis.
Caminhos intensos e extensos.

Estive pensando em você,
Só pra discordar de sua “excelência”,
Pra te mostrar que sua existência tem essência
Sua visão de si mesma, é um jardim suspenso dentro de sua alma.
Seu espírito forte, massivo, consistente, uma vencedora que carrega o ônus dos anos.

Estive pensando em você,
És forte, és mulher
“Grande Mulher”
supra terrestre, intra terrena, terrena...
um olhar que mesmo sem ver, contagia
o choro traz a tona a nostalgia.

Estive pensando em você,
Mesmo distante, és possante.
Como uma fileira de formigas que carrega a carga da vida, para recompor seu mundo.
És significante, és brilhante, és rara por ser você mesma.
Mesmo quando os desejos são ácidos, e as ilusões são básicas.

Estive pensado em você,
És talentosa, és mulher
“Pequena Mulher”
mega terrestre, hiper terrestre, terrena
brilhante como uma estrela que enfeita aquele céu distante.

Estive pensando em você,
Nossa vida não pode ser só isso,
Se resumir só a isso, perder o que ainda não se conquistou.
Chorar sem lagrimas, prender o riso dentro do peito.
Inventar para se redimir.

Estive pensando em você,
Imaginando sua voz, sua pulsação aguçada lembrando da pessoa amada,
Sua carinha de riso, sua forma de discordar, nos seus escritos transcritos,
Na sua sobrevivência...

Estive pensando em você,
Apesar de ser “ingrata” fico grato
Fico satisfeito como um suspeito sem culpa.
Fico profundamente aceso nas madrugadas esperando suas letras digitadas
Suas palavras decentes, seus versos eloqüentes.


Estive pensando em você,
E quando penso em você, lembro de mim
E quando lembro de mim, penso em você.
Por que sinto...
Que mesmo distante, esta tão perto
Tão presente, tão marcante...


Estive pensando em você,
És viva, és amiga
És suntuosa
Mesmo distante, esta aqui do meu lado.
Grande, pequena, terrena ...
Pequena, grande, terrena...
Terrena, grande, pequena...

Estive pensando em você,
E agora já posso dizer;
És uma “GRANDE” mulher
És uma “PEQUENA” mulher..
Mesmo distante sinto os ecos de sua risada..
E ai fico sorrindo sozinho....


Romir Fontoura





ESTIVE PENSANDO EM VOCÊ NOVAMENTE

Nos seus olhos vidrados no monitor querendo transporta-se dali
Nas suas formas curvilíneas, uma auto estrada sem sinalização mas que leva até seu coração.Na sua expectativa em colher manhãs, em arvores noturnas.
Na sua divisão celular, geneticamente a carne é fraca, mas a síntese da amizade nos tornam fortes, maduros, passivos e seguros....

Estive pensando em você novamente...
E pude sentir a vibração de seus pulsos cortando veredas.
O poder de seu pensamento rompendo barreiras, muros, Dickens...

Estive pensando em você novamente...
Com sua blusinha rosa, colhendo rosas no jardim de sua alma
Gritando com os braços abertos, como um cristão reivindicando seus atos.

Estive pensando em você novamente....
Com receio, com desgosto, sem principio, por talvez, lhe ter magoado,
Um desentendimento do lado errado, um dizer mal dito....
Uma frase inacabada, um verso sem nexo....

Estive pensando em você novamente....
E mesmo distante, vejo seu rosto pensativo
Sabe se lá o motivo, e vejo passar por mim o vulto do destino com suas roupas desbotadas, apontando para a vastidão, onde sopra o vento, como uma criança cuspindo no bolo querendo apagar a vela...

Estive pensando em você novamente...
Andando pra lá e pra cá, comendo Maria mole, e lambendo os lábios
Meditando sobre os sábios, sobre os velhos Magos e seus báculos,
Ouvindo o barulho da chuva na telha de zinco, a segurando a vida com afinco.

Estive pensando em você novamente...
Dentro de uma torre em Amsterdã, admirando as lhamas peludas dos altiplanos
Querendo planar com os condores andinos, exibindo sua face, atraindo o vento
fora da janela do trem que faz a linha Rio Branco/Lima.
Lembrando da dança da prima.

Estive pensando em você novamente....
com sua pasta de dente, seu brincos, seu perfume seus costumes....
sua segurança em dizer não, sua confiança em dizer sim.
Do seu reflexo no espelho encarando a verdade de frente.
No beijo na Senhora, Amiga, protetora, mediadora, mãe...

Estive pensando em você novamente....
Na perfeição que muda a afeição, nos desenhos performáticos nas paredes de alvenaria
Nos passos como um monólogo para os pés, e nos gestos como um dialogo para as mãos. Na sua aflição presa no peito, como um passaro raro dentro de uma gaiola de bambu.

Estive pensando em você novamente....
Mas em amizade não se fala, não se pensa....
Se vive ...
Como...Tom e Jerry,
Como...Ernesto Cheguevara e Alberto Granada
Como...Simon e Garfunkel
Como...But Spencer e terency hill
Como...charlie chaplin e a criança....

Romir Fontoura



Esses dois escritos acima "Estive pensando em você", e "Estive pensando em você novamente" dedico a uma pessoa de valores sobrenaturais e de percepção além da própria intuição que para muitos seria uma incognita, mas ela sempre soube transformar e dar vida a sua imaginação, a sua vontade de ser além do ser, essa é luciana e sempre será...

MEMÓRIA EM PRETO E BRANCO



Veja só esse meu sorriso
Refletindo toda sua insanidade
Minha memória em preto e branco
Só demonstra sua decadência

Meu adiante colorido
Desbotou em complexos complexados
Não precisa ter pressa
Pra ficar do meu lado

Todos os meus lados estão ocupados
Mas, minta mais porque ainda tem espaço
Não me cansei de ser incógnita
Sou um passatempo tediante
E um labirinto sem mapa e sem saída

Sou uma panela de pressão em ebulição
Meu ponto de fusão com você já passou do limite
Meu passado se perdeu no tempo
Minhas cores estão entre o preto e o branco

Sou o cinza porque sou incerteza
Não sou claro nem escuro
Sou o vazio entre as duas metades da laranja
Sou água barrenta de um mar impuro

Meu prazer já tem remédio
Minha cura é escura
Vivo trancada
Dentro de minha própria moldura

O dia passou sem se notar
Todo dia esperar anoitecer
Pra se tornar escuro
E continuar sem se perceber

Ação por si só sem reação
Todo tempo é programado pra não voltar atrás
Todos os meios termos estão na minha frente
Toda memória não passa de repetição


~"La pibe"~
Luana






Esse escrito é uma pequena homenagem para uma grande garota, que carinhosamente chamo de "LA PIBE" (Luana), pela desenvoltura dos versos, criatividade e características peculiares, parabenizo pelo escrito, boas vibrações sempre, e antes que eu me esqueça...ela saiu lá de Natal e veio parar aqui para me visitar.. uma abraço.


Romir Fontoura

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

CORPO OCO


O coração cora a ação,
Doura a aura
Encarna a carne
Língua mingua
De salivas salobras

A veia aorta entupida.
O sangue sungue,
Sangra sangre.
A arte remota de sofrer.
Que faz romper
O cordão umbilical
Nas mãos sujas de cal.

Víscera encera
As tripas
Ripas no telhado da alma,
E no sótão,
Soltam os espíritos
Em espirros,
As esfinges com tumores na laringe
Finge que a dor não dói.

Os abraços abraçam os baços,
A cria que ria
Soletra a letra só.

E o corpo oco
Contenta-se com tão
Pouco.



Romir Fontoura









sábado, 10 de novembro de 2007

O HOMEM COM SEU MACHADO, MARCHA EM DIREÇÃO AO ACHADO


O homem com seu machado marcha, em direção ao achado.
A lamina afiada da discórdia, reflete seu rosto cálido.

Erguem-se os pulsos
enquanto a mata ainda respira
o coração intacto como a madeira maciça
a madeira do caixão, que guarda seu corpo que já não mais respira
a madeira do seu guarda roupa que guarda seus pertences
sua blusa de lã de carneiro, seu sapato de couro de jacaré
suas camisas de fibras sintética.

O homem pensa que pensa
Fere a si mesmo a cada instante
Cava o abismo e se enterra dentro dele.

Mas dentro do abismo ainda existe;
Mac donalds e coca cola..
Sombra e água fresca.

O homem com seu machado marcha em direção ao achado
Devasta o caminho, mas nunca chega a “lugar nenhum”.

Correm contra o tempo em seus carros que cospem fumaças
Nas suas “espaçonaves” aerodinâmicas.
Na sua ânsia sistêmica.

Mas dentro do abismo ainda existe;
Preto-óleo, branco-neve.
Arco-íris; meio-ambiente. (só meio).

O homem pensa que pensa
Cospe a saliva da ganância em si mesmo.
E faz do abismo seu imperialismo.

Mas dentro do abismo ainda existe;
Cérebros enlatados, genes alterados;
Alimento transgênico e fome ecumênica.

O homem pensa que pensa
E corta um pedaço de si mesmo a cada instante
Com o machado que se sustenta do achado.

Romir Fontoura









segunda-feira, 5 de novembro de 2007


"Até um dia de precipitação no sol"


Romir Fontoura

domingo, 4 de novembro de 2007

AS FORMIGAS PODEM SUBIR NOS ARRANHAS CÉUS


Antecedentes inocentes
Carente às vezes sem opção
Indigentes do Mundo Moderno.

máquinas
Corroendo um a um.

Espíritos moídos
Cabeças cheias de ódios
Um pequeno que nunca se torna grande.

Autores do sucesso, dos outros.
E antes de mim, todos.

Poderia me tornar “forte” maciço como colunas que ostenta.
Gigantescos Arranha Céus.
Mas prefiro ser como as pequenas Formigas na luta para conseguir alimentos.

Mãos que pegam sobras,
Mais uma obra entregue.
Mais um para nascer,
Mais um para morrer.

Os humildes sumiram,
ou não foram vistos.
Passam despercebidos.

Mas as Formigas podem subir nos Arranha Céus.

Romir Fontoura




DE CABEÇA PARA BAIXO


Vejo rodar em torno de mim
Meu corpo inquieto
A cabeça balançando em cima do pescoço.

A voz trêmula,
Os olhos em viravoltas.

O piso virou teto
O teto virou parede
E a parede virou piso.

Minha cama em cima da parede
Os quadros pendurados no teto
E as lâmpadas agora acendem no piso.

Estou de cabeça para baixo
Toda bebida vai direto para o cérebro
Sem conexão no organismo.

O lado esquerdo ficou direito
O lado direito ficou esquerdo.

Meu coração agora bate do outro lado,
Deixei de ser canhoto. Mas nunca me endireito.

Agora para chorar as lagrimas encharcam o cabelo,
Mas continuo vendo as pontas dos pés quando caminho.
Só quando grito minha voz sai ao avesso.


~Romir Fontoura~

ALUCINAÇÃO (Nas alturas de uma outra dimensão)


Ainda me lembro do enlace na neblina
Nas alturas de uma outra dimensão,
O rastro enfumaçado e mórbido que invade a retina,
A visão distorcida e conturbada como efeito da alucinação.

Meu corpo estático, minhas mãos se agarram em vão
A voz que chega aos meus ouvidos me implorando para descer,
Parece que estou pendurado nas asas de um avião,
O vento invade a face, fazendo meus dedos esfriarem até endurecer.

Como um urubu vejo do alto a carniça de roupas multicoloridas.
Os mortos daquele instante passam por mim como um foguete,
As nuvens se transformam em mulheres arrependidas,
O sol de lâminas afiadas vai me cortando como um estilete.

Os anjos de unhas negras querem arrancar meu coração.
Minha sombra amedrontada tenta resistir ao ritual,
Onde estão os Deuses responsáveis pela proteção.
Meu sangue escorre do céu como lágrima natural.

Já não consigo respirar como um Guepardo ofegante
Cada pedaço de mim, despenca sobre a terra inundada
Meu nariz virou uma fornalha de fogos dançantes,
E o que sobrou inteiras, forma minhas mãos penduradas.

Os meus pedaços são juntados como peças de ligação
Braços e pernas pareciam galhos de árvores esturricados,
Meus olhos ainda piscavam sem dilatação,
Minha boca abria e fechava jurando justiça aos culpados.

Romir Fontoura



A palavra alucinação significa, em linguagem médica, percepção sem objeto; isto é, a pessoa está em processo de alucinação percebe coisas sem que elas existam. Assim, quando uma pessoa ouve sons imaginários ou vê objetos que não existem ela está tendo uma alucinação auditiva ou uma alucinação visual.


VIVO ?


A mocinha tem cabelo de seda,
Seda seu lugar para a meretriz na mesa de parto,
Parto, mas deixo um pouco de fragmento,
Fragmento os beijos numa tela bordada,
Bordada são as asas das borboletas,
Borboletas voam sem pára-quedas,
Pára quedas, mas não pára tombos,
Tombos deixam os corpos ralados,
Ralados, os mamões e as cidras viram compotas,
Compotas de vidros ornamentados e forjados.
Forjados, são os que aceitam e calam.
Calam os meninos, pois vai começar a novela,
Novela, quando atrasa as donas ficam bravas,
Bravas, são as galinhas quando estão chocando,
Chocando estão às ações da humanidade,
Humanidade que não cuida, só descuida.
Descuida dos seus pertences para você ver,
Ver era um desejo do cego da praça,
Praça vira avenida, avenida é passagem para a rodovia,
Rodovia passa os carros enfumaçados,
Enfumaçados são os fogões a lenha,
Lenha, que vira carvão,
Carvão, que assa a carne,
Carne, até animal ainda tem,
Tem terno de linho na loja da esquina,
Esquina onde ficam as mulheres de batons,
Batons que vieram do estrangeiro.
Estrangeiro, quando chega aqui acha que já é dono,
Dono tem dinheiro,
Dinheiro compra comida,
Comida mata a fome,
Fome mata gente,
Gente diz que pensa,
Pensa e acha que existe,
Existe é muita sujeira lá fora,
Fora os engravatados corruptos,
Corruptos lavam as mãos com sabonetes líquidos
Líquidos não são duros como os sólidos,
Sólidos são os muros que dividem os povos,
Povos existem em todas as partes,
Partes, nunca são repartidas iguais,
Iguais, são os olhos dos japoneses,
Japoneses cospem tecnologia,
Tecnologia para construir viadutos e pontes,
Pontes passam sobre rios,
Rios estão cada vez mais poluídos,
Poluídos ficam meus olhos quando enxergam isso tudo,
Tudo para quem tem, é nada,
Nada, para ganhar medalha de ouro,
Ouro foi-se todo daqui,
Daqui a pouco é outro dia,
Dia, onde começa tudo novamente,
Novamente nunca será uma nova mente
Nova mente já se cria em laboratórios,
Laboratórios manipulam remédios
Remédios trazem a cura,
Cura, não é milagre,
Milagre só Deus ainda sabe fazer,
Fazer tem que ter disposição,
Disposição só tem quem levanta cedo,
Cedo os galos cantam,
Cantam os fieis nas igrejas,
Igrejas são casas de orações,
Orações são feitas com terços,
Terços são confeccionados para as beatas,
Beatas são senhoras,
Senhoras andam com os senhores,
Senhores, já foram filhos.
Filhos dão trabalho.
Trabalho faz ganhar o pão,
Pão dormido fica velho,
Velho, vai dizimando até morrer,
Morrer é só para quem está vivo.
Vivo?...


:::: Romir Fontoura ::::








sábado, 3 de novembro de 2007

Aprender são sintonias absorvidas, energias refletidas, uma ressonância de argumentos que vira um incremento para uma nova pergunta em busca de mais aprendizagens para uma nova descoberta.
Sou um aprendiz que “nunca aprende”, mas que sempre busca um novo aprendizado para entender o antigo.
;;;Romir Fontoura;;;

"Ao invés de RIFLES, RIFES de guitarra"
(Acordes da terra)

Hoje em dia associo o rock and roll aos recursos naturais, ambos cada vez mais escassos; Assim como absorvemos a água para manutenção do nosso corpo e para matar nossa sede, captamos o rock and roll para estabilização mental e sintonias eletrizantes, um dueto de mente sã em corpo sã. Mas com as “ações de desmanche” proporcionadas pelo ser humano desmontando o grande palco onde se passa o show da vida, um palco que já foi dinâmico aos rifes essenciais da sobrevivência, o maior dos palcos que tinha capacidade para milhões de pessoas, onde ainda se ouvia acordes de harmonia e perfeição. A grande arena; TERRA, que dias após dias vem perdendo seu publico mais seleto, seu publico mais harmonioso, um publico que ao ouvir o som das cachoeiras transportava os acordes para as cordas da guitarra, fazendo um som natural e puro, limpo para os ouvidos mais apurados, publico que bebia água da fonte e se banhavam desnudos em ondas sonoras, mas hoje em dia as cordas das guitarras estão nos pescoços dos desalmados, que trocam rifes por rifles, notas sinfônicas por nota cifrônicas.
Daqui uns tempos vamos lembrar daquele copo de água que lubrificava as cordas vocais da garganta do vocalista ativista, como quem lembra de um mito cujo poster ornamenta seu quarto, pois quando ligo as “turbinas” do meu modesto som de 14 caixas acústicas me transporto por tempos áureos, e lá pertinho do meu palco hipotético, sinto o movimento da platéia em tons vibrantes, molho a garganta para gritar em voz possante, e meus olhos acompanham aquele mito do poster que surgia dedilhando sua maquina de guerra que atirava ritmos e acordes, sons que tiravam o sono. E ao inserir uma de suas canções que falava de uma tal metralhadora (Machine gun), levei a mão no peito e vi que fui atingido com balas sinfônicas, e quando olho para o poster sinto no peito a nostalgia da magia que os tempos remotos proporcionaram.
Humanidade toque um acorde que acorde que faça despertar do sono dos injustos, ainda bem que não tenho coração, tenho é uma guitarra vibrando dentro do peito.
Romir Fontoura
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quinta-feira, 1 de novembro de 2007


"VAMOS ACABAR COM A POBREZA SEM DIZIMAR OS MENDIGOS, OS MISERÁVEIS, OS DESPROVIDOS DE RECURSOS, EIS A NOSSA MORADA... DE TODOS... "
*+* Romir Fontoura*+*

quarta-feira, 31 de outubro de 2007

PARA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI DAS FORMIGAS



Subi pela dimensão para avistar o que a vista não alcança daqui na imensidão,
onde as formigas trançam de um lado a outro,
mas do alto, pude perceber que não passamos de formigas também.
Pela amplitude deste universo,
somos imensos quando tratamos com as formigas,
mas quando nos vemos de longe, pela amplitude
nós que somos as formigas.

~{{Romir Fontoura}}~

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

TODOS JUNTOS (Doses de essência)





A distribuição de doses
Como se fossem doses de vida,
Doses de alegria, os rostos com as bocas escancaradas.
Soltando sorrisos, gritos, apelos, confissões.

Todos juntos num palco sem tapetes ornamentais,
Nessa hora até as sombras compartilham seu espaço
Minha sombra, a sombra deles também faz parte do “todos juntos”.

Os andrés, os Thiagos, os Hugos, As Silvianas, As Vivianes, As Danieles,
Os Paulos, Os Romirs, Os Milens, Os Wagners, Os Silvérios, As Kenias,
As Rayanis, As Jackies, Os Nivaldos, Os Edsons, As Naras, As Vivians, Os Robertos,
Todos Juntos!!!

Sem querer por ordem nas desordens
Mas pondo fim à tristeza,
Bebendo a vida e cuspindo as desavenças.

Nessa hora não há descrença
Nem tampouco incoerências
Há diversão, fruto da típica ação.
Dos velhos, novos encontros.
Da essência purificada
No cálice sagrado dos todos juntos.

A mistura das vozes, o tom de deboche.
As conversas mentalizadas com neologismo
A captação de mais pessoas jogando a ancora da simplicidade.
Os acordes do violão, a escolha da canção.
Todos juntos, unidos assim não mais vencidos.
Como uma família de sobrenome diferente.
Mas de anseios semelhantes.


Todos juntos !!!!

Romir Fontoura







quarta-feira, 24 de outubro de 2007

A FERIDA DA TERRA



"A FÉ REMOVE MONTANHAS, MAS AS MINERADORAS PREFEREM DINAMITES"



DENTRO DO FORMIGUEIRO


Uma pá de escritos na cova dos desvanecimentos
Como um bloco de cimento que serve de alicerce.
Um retrocesso do acesso ao limite do acaso.

Mas devagar a formiga carrega seu fardo
Andam em fileiras, sinaleiras do destino.

Uma a uma, como as letras que se dissiparam.
Um resgate da volatilização demorada.
O peso da incúria estampado nas veias abertas
Como calhas que escorrem as águas de chuva.

Um trecho que me sinto ausente.
Com as mãos algemadas,
Preso aos supérfluos contingentes multicelulares
Ouvidos aos celulares.

E o resto sempre é a sobra
Sobra o que falta no resto dos rostos desguarnecidos.

Palavras que formam o temor da fala.
A fala que teima, ameaça os acordes dos ouvidos.
Donde “repousa” a angustia em seu sepulcro sem flores.

Dentro do formigueiro há despensas?
Como os dicionários que organizam palavras
Nas estantes das letras.

Um trecho que me sinto presente.
Com as mãos libertas,
Distante dos supérfluos contingentes multicelulares
Visões aos luares.

Dentro do formigueiro há fome?
Oposto aos verdugos comedores de letras.
Defecam palavras sorteadas.

E a sobra sempre é o resto
Resto do que ainda resta nos semblantes enternecidos.

Dentro do formigueiro há escritos?
Que ostenta um homem de pé, mesmo com o fardo nas costas.
Assim como as minúsculas formigas.
Romir Fontoura

SINTAXE A VONTADE


(Fernando Anitelli) O Teatro Mágico

"Sem horas e sem dores
Respeitável público pagão
Bem vindo ao teatro mágico!
sintaxe a vontade..."

Sem horas e sem dores
Respeitável público pagão
a partir de sempre
toda cura pertence a nós
toda resposta e dúvida
todo sujeito é livre para conjugar o verbo que quiser
todo verbo é livre para ser direto ou indireto
nenhum predicado será prejudicado
nem tampouco a vírgula, nem a crase nem a frase e ponto final!
afinal, a má gramática da vida nos põe entre pausas, entre vírgulas
e estar entre vírgulas é aposto
e eu aposto o oposto que vou cativar a todos
sendo apenas um sujeito simples
um sujeito e sua oração
sua pressa e sua prece
que a regência da paz sirva a todos nós... cegos ou não
que enxerguemos o fato
de termos acessórios para nossa oração
separados ou adjuntos, nominais ou não
façamos parte do contexto da crônica
e de todas as capas de edição especial
sejamos também o anúncio da contra-capa
mas ser a capa e ser contra-capa
é a beleza da contradição
é negar a si mesmo
e negar a si mesmo
é muitas vezes, encontrar-se com Deus
com o teu Deus
Sem horas e sem dores
Que nesse encontro que acontece agora
cada um possa se encontrar no outro
até porque...

tem horas que a gente se pergunta...
por que é que não se junta
tudo numa coisa só?



O Teatro Mágico; diversão, cultura, atitude, poesia, música, arte e teatro

O IMPÉRIO INCA



O império incluía regiões desde o extremo norte como o Equador e o sul da Colômbia, todo o Peru e a Bolívia, até o noroeste da Argentina e o norte do Chile. A capital do império era a atual cidade de Cuzco (em quíchua, "Umbigo do Mundo"). O império abrangia diversas nações e mais de 700 idiomas diferentes, sendo o mais falado o quíchua.



LUGARES SAGRADOS


A religião era dualista, constituída de forças do bem e do mal. O bem era representado por tudo aquilo que era importante para o homem como a chuva e a luz do Sol, e o mal, por forças negativas, como a seca e a guerra.
Os huacas, ou lugares sagrados, estavam espalhados pelo território inca. Huacas eram entidades divinas que viviam em objetos naturais como montanhas, rochas e riachos. Líderes espirituais de uma comunidade usavam rezas e oferendas para se comunicar com um huaca para pedir conselho ou ajuda.


terça-feira, 23 de outubro de 2007

QUANDO AS PORTAS SE ABREM AS PESSOAS SE FECHAM ( A triste sina das ruas )


Pela rua sem fim,
Não encontro a morada
Que na verdade nunca tive,
Meus pés no chão sentem
Minha vida passar,
Talvez até por mim mesmo.

Sem nada, vivo solto
Tão solto que esqueço que sou livre
Livre para falar de mim mesmo
Livre para compartilhar o que nunca tive.

Quando falo com um alguém se quer
Me sinto vivo de novo,
Me sinto humano.
Cria de um tal destino.

Exposto ao relento
Nem se quer um acalento
A vida vazia
Enche-se de desenganos.

Quando as portas se abrem
As pessoas se fecham
Dentro de seu casulo
Não compartilham a sina.

Andando sem Del
A vida amarga como o fel
Destino que se passa entre os dedos
Das mãos fechadas em segredos.

Nada tem,
Tem nada a perder
Perde-se nada
Quando nada se tem.

Perde-se o sorriso
Perde-se o entusiasmo
Perde-se o desejo
Perde-se a mente
Perde-se a vida.

Que nunca teve.

#+# Romir Fontoura#+#

Se continuar assim...

Reunião para diminuição de CO2... depois não diz que não avisamos...

"VENDO" O MUNDO LÁ FORA ( O hipnotizador de cães )


Visões fazem parte de mim,
Olhos vidrados nas vidraças
“Vendo” o mundo lá fora.

O singular modismo da imperfeição
Vem da forma angular do arco da janela
E descansando meus cotovelos.

desejo e inspiro
E quando aspiro
Respiro.

Vejo que tenho vida
Para continuar
A labutar, perambular
levitar.

A força perene
Emberne minha forma
Solene.

E o cálido principio
É o autentico sumiço
da loucura sem hospício.

Como um
hipnotizador de cães
Que conduz o animal de estimação
Com uma estima ação
Puxando uma coleira fictícia.

*** Romir Fontoura***




IMANTADOS COMO UM SÓ CORPO


Os dias são brandos quando exalam a paz
Mas somos todos soldados de um certo destino.

Às vezes o desatino exibe sua bandeira
E os dias se diferenciam.

Os heróis sucumbem a dor
Prostradas pelos caminhos sórdidos.

Um a um todos se vão
Pela repressão dos dias.

Homens e seus desejos
Máquinas e suas peças.
Imantados como um só corpo.

Os elos se rompem
Desfaz-se a corrente
Os ideais se separam.

Um a um todos se vão
E talvez nunca mais se encontrem.

Homens e suas peças
Máquinas sem desejos
Imantados como um só corpo.

*** Romir Fontoura ***






Um furo no solo um rombo na cabeça, um fogo na mata um cérebro esturricado, uma arvore caída, um caixão de madeira nobre, um rio imundo uma mente poluída, um animal irracional extinto e outro racional sem instinto, emissão de gases poluentes a dança da chuva dos índios emergentes, enquanto o globo se aquece as crianças passam frio, em pauta a temática transgênica em voga a fome ecumênica.


A consciência é a fibra da raiz da existência, e a sobrevivência vem da atitude de cada essência.


Fazer parte é fazer sua parte.


+++ Romir Fontoura +++

FAÇA A ESCOLHA DA LIVRE ESCOLHA


Riscos e rabiscos adentram a madrugada
Palavras novas e usadas sobre a folha sem linhas
Rasgue o verbo e reparta pra quem tem fome de frases,
Alimente cada um com seu cada qual.
E cada qual alimente cada um.

Afazeres e deveres adentram o dia,
Palavras velhas e desbotadas sobre a rua alinhada
Rasgue o bucho e escolha um ventre com suíte.
Alimente os porcos com as sobras humanas
E que as sobras humanas alimentem-se dos porcos.

Respirar e pirar adentra meu corpo,
Palavras insanas e soletradas sobre a garganta alienada
Rasgue as cordas vocais e cole dentro dos peitos dos emudecidos
Alimente as lembranças com as atitudes
E que as atitudes nunca se alimentem de lembranças.

Faça a escolha da livre escolha,
Desprenda-se das algemas, libere seus pulsos para pulsar.
E seu corpo para incorporar você mesmo nesse teatro imposto.
E que os gritos cheguem até o interior do seu interior.

Mover e remover adentra minha cabeça,
Palavras furiosas e singelas sobre a mente aliada
Rasgue os neurônios e cole na parede do inconsciente
Alimente os pensamentos com ações
E que as ações degustem pensamentos.

Faça a escolha da livre escolha,
Risque e rabisque
Respire e pire
Mova e remova.

Desprenda-se das algemas. Libere seus pulsos para pulsar.


Romir Fontoura
:::::::::::::::::::::::






DESVARIO


Às vezes penso que todos fugiram
Mas na verdade nunca chegaram,
Tento conversar com a cadeira mais próxima
Pelos menos pés ela tem, e já podemos caminhar juntos.

Penso em partir depois de todo Mundo
Mas sou o último, depois do último que não veio,
Desenho nas paredes do inconsciente o que nunca vi consciente.

Vozes passam pela janela
Sombras entram pelas frestas da porta
Executamos um brinde ao acaso,
Já não estou mais sozinho.

Mando um beijo para o espelho sem face,
E um abraço nos mutilados
Mas na boca da noite ainda existem sorrisos,
Vazios ou não, mandam o dia embora.

Ainda escuto com meus ouvidos entupidos de gritos,
O sonoro apelo dos senhores insanos
Criaturas que ninguém atura.

Mesmo tendo seu báculo brilhante
e podendo ser confundido com um Soberano
os desvairados são duas pessoas.
Frente a frente na mesma face.

“ Aos desvairados que conversam consigo mesmo, não deixam de serem artistas, fazem a primeira e a Segunda voz, com uma só voz e nunca se desentendem, pois eu nunca vi um desvairado brigando consigo mesmo.”
\0/ Romir Fontoura \0/


"Faça como os sábios indigenas, liberte quem quer voar"

OS EFEITOS DA GUERRA


Os efeitos da guerra, na carne humana.
Criação profana.
Arames farpados
Soldados fardados
Morre por honra da ordem insana.

A voz possante do vento retumba
Cruzes e catacumba,
Fardas camufladas
Horas adiadas,
Lagrimas solta escorrem pelas faces.
A batalha com suas fases.

Sangue escorrendo,
E a carta do filho nascendo.

Bandeiras cravadas em territórios
Trilhas abertas no ventre da terra,
Homens sem oratórios,
A mesma terra onde pisa te enterra.

Órfão da vida
Refém das boas ações
Pagão da mesma sina.

Rifles, granadas e sinalizadores.
Braços, pernas mutilados.
Mente e sentidos alterados,
Sinaliza dores.

Cadeiras de rodas ou carros importados
Uma bala no peito ou uma dose de whisky na cabeça.
Adormeça mas não esqueça
E quando acorda junte os corpos e seus achados.

E no dia de partir
Vou lembrar daquela criança
Que carregava um livro de capa dourada,
Que em certa madrugada, não dormia e o olho arregalava,
E com a voz rouca recitava versos de esperança,
e quando lia chorava, e do pai lembrava e gritava;
“Devolva meu pai que nos deixou sem me ver pelo menos sorrir”

Os afetos da discórdia, os fetos das escorias.
Os efeitos da guerra
Começo ou fim de uma nova era ?
::: Romir Fontoura:::

SENHOR CORAÇÃO ( Comandante supremo )

Às vezes a solidão nos faz perceber,
Que mesmo só, estamos acompanhados.

A concepção do sentimento,
Impulsiona-nos pra dentro de qualquer coração.

Pelas palavras, pelos atos, pelos carismas.
Ou pelas simples expectativas de vida.

Distante, porém perto da vontade que conduz,
Tão perto que posso vivenciar,
Uma face que consagra um sorriso,
Palavras que se transformam em versos.

E em certas horas a imaginação se transforma
Em escape do sentido, e esse tal “TEMPO”.
Senhor supremo que dita suas ordens nos faz esperar.

Que pena que nossa aparição singular, não pode.
Estar em todas as partes, mas onde estiver que;
Saiba ensinar, saiba aprender, saiba entender,
Saiba moldar o destino com mãos calejadas de tanto tentar,
Saiba montar um elo entre pessoas, saiba viver pelo menos,
Pelos muitos, pela coragem de mais dias pela frente.

E assim te dou duas chaves; uma para que.
Abra a porta da mansão do senhor “MEDO”
E deixe sair,
Certos sonhos, certos dons,
Certos sentimentos,
Certas vontades,
Certas atitudes,
Certos desejos.,
e a outra para que abra a humilde casa do Senhor “CORAÇÃO”
lá a casa é pequena mas cabe todos.
=*= Romir Fontoura=*=

PALCO EXTENSO ( O ato da vida )



A chuva lá fora no telhado de zinco
Confunde-se com palmas dentro do salão.

O choro da criança na esquina
Não se confunde com nada.

O festejo da criação exibe suas palmas
O desatino da cria sem ação exibe suas lagrimas.

Mil faces que sorriem
Uma face que não ri.

Lá dentro as vestes elegantes cobrem os bustos das madames
Lá fora as vestes molhadas escorrem os sofrimentos.

A peça da vida no palco extenso,
Extenso pesadelo,
Corpo de modelo.

a moda de sofrer
Esta na moda
Nas esquinas.

As palmas que movimentam as mãos no ato do aplauso,
As mãos que movimentam as palmas no ato da morte.

Lá dentro as cortinas de cetim reverenciam novos atos,
Lá fora os corpos cobertos de jornal reverenciam antigos fatos.

A peça da morte no palco extenso,
Extensa realidade
Corpo de papel,
Que se desfaz na chuva.

O choro da criança na esquina
Não se confunde com nada,
Quando ninguém escuta.

,.,Romir Fontoura,.,




PARTIDAS E RECONSTRUÇÕES


Romir Fontoura (Azul) e Luciana Castro (Vermelho)

Na hora da partida as mãos se estendem como lonas de um circo,
o coração se acelera na velocidade da luz,
os pulsos vibram que faz balançar os braços
Como árvores ao vento,
mas pra que ficar, se posso estar distante daqui,
se todas as formas se distanciam da minha,
como almas entrelaçadas ...
A partida é um jogo duro,
hora descanso, hora fingimento...
Partidas são assim, lágrimas expostas como fontes,
cabelos emaranhados ao vento.
Todos os casos, todos alentos...
Se encontram as maiores dores
Nessa hora em que as noções são consumidas
Por uma dose de conhaque
E um suspiro onde engole-se o choro,
Oculta os soluços,
E sorri,- sem achar graça alguma...
São as mesmas indiferenças,
Quase que esmagando almas,
E comendo o que sobra de nós...
Mas o que sobra nunca esta tão perto como nossas sombras,
Nossos desejos e nossa antiga coragem,
Todos os caminhos se revelam incestos, úmidos,
Expostos ao relento, jogados ao lamento.
A mente espedaçada...
Vira um quebra cabeças de mil peças interligadas por laços efêmeros,
As visões se conturbam, o novo está mais próximo do que um velho desejo,
As sementes de força são plantadas pelas trilhas;
-de nós mesmos.
Talvez não tenha sobrado muitas peças de meu quebra cabeças...
Meus caminhos andam mais efêmeros que minha fome,
Pelas coisas terrenas.
Há alguém lá adiante,
E é exatamente isso que ainda me faz prosseguir.
Engoliram minha alegria,
E fumaram minhas expressões faciais...
Deixei surgir o constrangimento,
Não por mim
Mas por essa insignificância toda
Esses atos repugnantes e consistentes...
Por todas as manhãs.
Mas mesmo assim é preciso fugir,
Amparar o desconhecido, e torná-lo conhecido como um vizinho
Que grita na noite pedindo socorro por estar vivo,
Os elos nunca vão se juntar, as peças quebradas não se moldam mais...
Agora só um novo e paralisante nectar...
que nos deixam estonteantes e ainda com vida ....



ANTIGO HOMEM


As goteiras matam a sede da terra
O velho descalço com sede, sobre a terra.
Semblante sem sorrisos,
Caminha pela terra molhada.

Os passos desvendando caminhos
Vendando os olhos dos anos,
Criatura que ninguém atura
Mas que dura como uma armadura.

Antigo homem de espírito novo
Rituais para os dias atuais,
Pés noduosos pelo ofício dos passos.

Rasgando o ventre da terra,
Com suas unhas encravadas,
Esmagando as formigas com seus pés
Noduosos.

Tortuosos atos dos desconhecidos
Que só conhece o presente.
Presente nos dias, a milhas dos tempos.

Criatura que se move e remove os sentidos
De si mesmo.
Antigo homem seu coração bate nas pernas.
Seu fôlego é um apelo que te faz inquieto
Atitude moldada pelo destino.

Sua força te conduz pelas trilhas.
Anos rasgando o ventre da terra,
Anos margeando anos de vida
Pelo passo maior, pela força maior.

Antigo homem seus olhos são Bússolas
Que te conduzem aos seus lugares.

Sua hora é um passatempo
Passe o tempo,
Tempo que passa.

No ilustre caminho
Segue sozinho.

O maior destino
É estar seguindo,
Rumo ao sol
Rumo a luz
Rumo sem rumo.

Contornando o vento,
Seguindo as estrelas.

Antiga terra
Antigo passo,
Antigo desejo,
Antigo destino,
Antigo semblante
Antigo Homem.

((Romir Fontoura))






CRIATURAS ACESAS


Quando eu vi a incidência da luz entre os dedos,
Percebi que estava em consternação, uma agonia constante.
De um desejo intermitente.

Fáceis acessos a caminhos inalterados,
Nessas horas, todos te seguem.
Num pranto, ainda planto a semente do oportuno,
Na relva da manhã que emana a terra inusitada.

As covas rasas, pedaços de ossos incólumes.
E a luz entre os dedos vem dos focos dos vaga-lumes.

Criaturas acesas, ligadas, envoltas.
Vôos em viravoltas, a cada brilho.
Sigo outra luz, outro paradeiro.

As velas acesas a um palmo do chão,
Escorrem suas parafinas lustrando.
A morada de pedra, ornamentada de flores já sem perfumes.

O corpo desfragmentando dentro da casa de pedra,
A terra infértil de adubo humano.

Cruz cravada na sentinela
Alma que vaga da espinhela.

Diga adeus às coisas.
Desprenda-se do que te prende.

E quando na escuridão.
A luz incidir entre os dedos.
Lembre-se dos vaga-lumes,
Emanando suas luzes.
>>>Romir Fontoura<<<

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

ROTAS PARA AS PORTAS


Rotas
para as portas
Fechadas e blindadas,
Onde a chave de cobre
Roda,
roda e não descobre.

Versos adversos vêem e vão
Como um
bumerangue
cor de sangue,
Passam pela ruptura da fechadura,

Senhas em resenhas
Indecifráveis.

E do outro lado;
Faces
irresolutas
Porém
amáveis.

Calas e falas
Escondes e
respondes.
Os puros em apuros
Odores e sabores
Do medo sem
formas.
((Romir Fontoura))

UM DIA APRISIONO O TEMPO


O tempo passa, mas se refaz
Fazendo de cada um, um espelho
Sem reflexo, um corpo sem sombra.

Tanto tempo, bons tempos
Tempos que não voltam mais.

Um dia estive aqui
No outro estava ausente.
Esperei para nascer
E vivo esperando.

Sou cria da espera
Enfrentando a fila
que não anda.

O tempo passa, mas se desfaz
Em palavras, em gestos, em formas.

Sou cria da espera
Enfrentando a fila
que desanda

Um dia passei Por aqui
No outro estava distante
Esperei pra saber
E vivo esperando.

O tempo passa, mas se faz;
Mistério, infinito, imenso.

Sou cria da espera
Enfrentando a fila
Que desfila.

Um dia aprisiono o tempo
Dentro de um vidro sem tampa
E quando passar o tempo
Vou saber se o tempo fugiu.

**Romir Fontoura**


ROCKVILLE LA FONTOURA - Apenas um espaço

Um tempo para passatempo
Um toque pra retoques
Apenas um encontro.

Os dizeres se encontram
Os zelos e os apelos
Os frutos da essência.

Os nobres de vestes desbotadas
As moças dos moços
Os moços das moças
Os solitários lendários.
Os simples, os lógicos, os eficazes.
Todos nós, todos juntos.
Apenas um encontro.

A voz que chega, chega para todos.
A resposta vira uma nova pergunta
E desvendar fica para o outro dia
Na oportunidade de um novo encontro.

Um tempo para passatempo
Para não dizer que não disse
Grave, faça repetir, desloque minha voz.
Faça chegar de novo até todos
Eu sei que estarão novamente juntos.
E se não estiver que se juntem
Como o café com leite de todo dia.

A voz que chega, retumba os ouvidos de todos.
Declame seu verso para si mesmo
E compartilhe do mesmo copo, onde bebe um.
Mais de um ficam tontos, zuados, de bem.
Sirva-se a vontade com a sua vontade.
Faça o que der vontade, à vontade.

a vila, a casa, o quarto, o quintal
apenas um encontro em:
ROCKVILLE LA FONTOURA

^~Romir fontoura~^