quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

EL CONDOR (Pássaro purificado)




Nunca andes pelos Andes com dor,
Quando olhar para o céu altiplano
Ostente a imagem do pássaro purificado
El condor.

As linhas de nascar, o sol sagrado.
A imagem dos incas, arquitetos.
Dos pisos aos tetos.

As divindades e mitos, os ritos.
Lembranças em ruínas na parede
Da alma, fortificai a calma.

Oh pássaro purificado, abra suas asas sobre os povos
Incremente liberdade, cuide das crianças de pouca idade.
Não os faça virar guerreiros espanhóis, lembre que depois das chuvas.
Brilha os sóis.

Sobrevoe o mundo e deixe cair suas penas,
Tanta Carhua abençoa as varias cenas,

Topa Hualpa enganou a tradição,
Arco de flechas e zarabatanas
Huyana Capac fez a guerra da sucessão.

Francisco Pizarro impiedoso
Executou Atahualpa,
Dizimando a geração.

Quando o sol brilha nos Andes
Não andes com dor.
Lembre do pássaro purificado
El condor.


Romir Fontoura

terça-feira, 18 de dezembro de 2007


"O que tece a vida são os valores dos costumes passados que são repassados a outras gerações"


~~*~~ Romir Fontoura~~*~~

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

ORAÇÕES, ORAS AÇÕES




O cálice sagrado sobre a mesa majestosa,
Vinho nobre e hóstia consagrada, altar cravejado de ouro.
Velas em parafinas finas.

Oras ações dos fieis que enchem a
Sacola do templo para ajudar na “simplória luxuria”,
Os sacerdotes cheios de dotes “agradecem” em orações.

Quando o pecado sovela
Apela para a capela, ou atina para o homem de batina.
Aprece sua prece, aguarde sua vez na fila e deposite uma moeda.
Faça sua confissão e receba de “graça” sua graça.

Veja o tamanho da igreja suntuosa,
Os santos ocos são obras do barroco,
Escondiam a gana da grana, que revestiam os templos.
E aumentava a riqueza “virtuosa”.

Oras ações dos turistas que visitam e pagam em dólar
Os párocos “ocos” (como os santos) “agradecem” em orações.

Receba sua indulgência com urgência,
Poste as mãos e reze só pare quando a sacola passar
Deposite uma moeda, volte às orações.
Os clérigos precisam dos fieis e sua oras ações.


Jesus pelo que se saiba era muito mais solidário, expansivo e complacente, lutava pelas causas vitais e pelo pouco fazia muito, ao contrário da igreja que pelo muito faz pouco.



Romir Fontoura

domingo, 2 de dezembro de 2007

POBREZA EXISTENCIAL



A vida não se resume só a grandes quantias... Cifras e outros valores materiais. As coisas incalculáveis, que restauram o sentimento, que revestem a alma são pequenas, miúdas, singular.
Até hoje poucos me perguntaram o que realmente quero, almejo ou desejo de fato, os poucos pelo qual consigo expressar essa sensibilidade são os que estão pronto pra falar de qualquer assunto, e carinhosamente costumo chama-los de “relevantes” pessoas que realmente solvem a sensibilidade da causa dos outros que na amplitude acaba sendo uma causa de todos nós.
Não só de moedas, riquezas, empreendimentos milionários, insumos palpáveis, se resume o substancial de uma vida. Vivo muito além de ser o que eles queriam que fosse, um receptor de ordens imediatas onde o controle remoto está nas mãos dos ditos poderosos. Ou então um desalmado que passa em cima de tudo e de todo um rapaz que exibe as etiquetas da roupa de marca, um seguidor de conceitos já feitos e impostos, um marionete que expõe sua vida a mercê dos outros que o manipulam.... Mas ainda estou aqui, vivo assim, faço desse modo, descalços ou não, rasgados ou não.... Todos merecem respeito, respeito para sentirem humanos, valiosos e com oportunidades igualitárias.
Na verdade a ganância move nosso mundo todos correm atrás do ouro, prata, carvão, ferro, carro, casa de praia, carteira cheia e alma vazia, mas depois de tudo a mesma terra que todos pisam é a mesma que nos enterram.
Sabe se eu pudesse ia viver alternativamente plantando para comer nessa terra que apesar de tudo ainda brota alguma vida, tomando água da fonte, só som míseros pares de roupa e com os pés no chão sentindo a energia do solo, e isso é desmerecimento? É falta de atitude? É desperdício, como eles mesmos dizem.... mas lá fora o mundo é outro, um querendo engolir o outro, querendo cortar o pão com faca de lamina de prata, e escorrer a manteiga com utensílios de ouro. Mas ainda faço uma ceia para os mendigos, carentes, indigentes com utensílios de plástico mesmo... para isso ia me servir o dinheiro.... Esse bem dito e adorável dinheiro que se rasga na chuva, durável ate que ponto?
Estou mais “pobre” (menos apego) que antes, mesmo tendo um pouco mais de coisa hoje em dia, mas sabe o que vale a pena nisso tudo? Disso quase ninguém pergunta de nossa “inusitada pobreza existencial”. O que vale a pena é que posso falar com qualquer um, ir e vir sem dever, sem rabo preso, sem ter que da satisfação e prestar contas, e andar pelo dia ou perambular pela madrugada. No grande sistema chamado MUNDO; uns atrás do muito, outros atrás de pratos vazios, mas do jeito que as coisas estão o fundo do abismo será igual para todos: Negros, brancos, vermelhos, engravatados, hippies, políticos, bispos, mendigos, eu, você, o cara da esquina, a mãe, o pai, o filho. Sabe de uma coisa viver ta cada dia mais difícil fora da selva, porque lá os animais lutam pela pura sobrevivência, e os animais daqui da selva de concreto: lutam pela riqueza exagerada, bens de consumo, catástrofes, e a falta de divisão de um pão pelo menos dormido, velho... Como a mentalidade estacionária deles mesmos.
Mas se ainda estou aqui tenho que agüentar, andar na corda bamba, e fazer desse caminho um aliado e não tropeçar nas pedras que sobraram da destruição deles.
Já que o mundo que tenho pra viver é só esse, ainda tento, fico sempre atento.... Então me falam nos ouvidos ou ouço rumores, indiretas, sussurros, mas nunca uma autenticidade a não ser dos relevantes, sempre quer saber: “e ai que você ta fazendo? Está ganhando bem, dinheiro? Tens carro? Riquezas... só riqueza, mas nunca diz o simples, o oportuno:” vamos montar algo, pra ajudar alguém, vamos mudar esse quadro social, essa vida sofrida dos outros essa falta de oportunidade, mas cheia de oportunistas.
Mas o certo é que muitos ainda virão, ou talvez nem chegue... “E se alguém algum dia achar que isso aqui é ruim, saiba viver “distante”, mas perto deles, e quando for ouvi-los que seja para achar o caminho e não para abrir buracos nele” um dia ainda chego lá... E quando lá estiver vou lembrar daquele pão dormido que um dia saciou minha fome.



Romir Fontoura

"Belos tempos dos vinis, veiculos de locomoção mental e artistica"

sábado, 1 de dezembro de 2007

AS FERIDAS DA TERRA





Olho, nos olhos famélicos do tempo,
Sacio a sina clandestina
A era predestina o tino,
Como um badalo de um sino,
Em ressonâncias repentinas.

Dentro do circulo fino e frágil,
Úmido e alterado,
O mapa mundi
O reino fungi
A raça fundi.

A energia que gera
Uma nova era,
Uma tribo que já era.

Ajoelhe e reze
Faça suas preces
Acenda uma vela
Para as almas “desalmadas”
Mas não façam queimadas.

Todos os enfermeiros e curandeiros do planeta juntos
Não conseguiriam fazer um curativo nas feridas da terra,
nem desinfeta-la, pois os incalculáveis micróbios, vermes, parasitas humanos.
Já apossaram das feridas e construíram suas moradas.

Não existem custos para os recursos naturais,
O que faz a recarga da vida são as formas de vida,
Não é tão simples como fazer a recarga do cartucho de sua impressora
De ultima geração, que saiu dos recursos das frinchas das feridas da terra.


Romir Fontoura





"Não trago nos lábios um tal sorriso
Nem escuto uma palavra de rancor
No pensamento modifico os desejos
E na realidade se aprende a dor."




((Romir Fontoura))

resPIRAÇÃO

"Vamos resPIRAR, se não vamos PIRAR"



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ESSÊNCIAS NATURAIS


A Eternidade da eterna idade.
A veia aorta da velha na horta.
O pé de bota com a calça que desbota.

A muda de couve flor, o pássaro ouve a flor.
Com a fertilidade da terra, a semente enterra,
A casa de madeira, o leite da mamadeira.
O filho pede a comida, a velha comovida.

O leite enche a barriga, a água irriga.
As fontes minam, as sementes germinam.

A satisfação que satisfaz a ação,
A fruta madura, a vida é curta, mas dura.
O cacho de uva, a gota de chuva.
A manhã de orvalho, o cheiro de alho.

O perfume da pureza, as cores da natureza.


Romir Fontoura



E CONTINUA ANDANDO....


Um vulto no escuro pede proteção, corre desesperado para dentro de si mesmo
Exala a voz, que cria motivos, a alma sangra e escorre.
Nada mais estanca, a dor da sombra é escura .

Mas quando ressurge, surge crescente, consistente como uma pilastra grega
Escarra nos pés dos seus senhores, chefes, comandantes supremos.
E anda sem destino pela calçada onde pisam as crianças descalças.

Saúda os vencidos, beija os maltratados e abraça os renegados
Bebe do malte, toma do chá, come da carne...
E continua andando sem destino, como um pivete abandonado...

Solta a voz, grita como um vendedor de artigos importados.
Dança com os lobos nas savanas, respira como os tuaregues no deserto.

E continua andando sem destino em planaltos, asfaltos, avenidas
Em terras distantes segue os amantes, banha-se nos rios perenes
Toca as sirenes..

Invade a casa dos magnatas come um pedaço de queijo e goiabada
Bebe água da fonte, defeca atrás dos montes e arrota na cara dos monges..

Agora já quer voar....
Sobe pelas turbinas, pede pra fechar as cortinas ..
Toma um drink, admira a aeromoça, e quando pula de para quedas cai na poça...

E continua andando sem destino, dorme no relento, acha um acalento
Toca um instrumento que retumba, visita a catacumba.

Agora já quer nadar...
Afana um caiaque, desce a corredeira, perde a estribeira
E rola de braçadas...

Visita o asilo, sente o brilho
Conversa em alemão com o velho “Riesel”
Troca moedas em óleo diesel.

Agora já quer dirigir...
Enche o tanque, assume o volante
Paisagens alteradas pela janela, da carona a moça banguela...
Compra uma dentadura, presenteia a criatura
Esquece a amargura...

Agora já quer fumar....
Junta-se aos hippies cura ate a gripe
Estende o pano, exibe os feitos, dá mais um trago
Balança a cabeça e enche o peito, vende os artefatos
Lembra-se dos fatos, e ri da desgraça...


Tira leite das vacas, usa chapéu de couro
Corre do touro, pega lenha pro fogão
Usa botas e esporão...

E continua andando...





Romir Fontoura