terça-feira, 20 de setembro de 2011

Se fosse esperar







Se fosse esperar, o sol se punha,
não mais nascia minha unha, não via reluzir os olhos da vicunha.

Se fosse esperar, o ar da graça,
o vôo noturno da garça, os ensinamentos da barsa.

Se fosse esperar, nascer outro dente,
alegria na face do carente, remédio para a mente.

Se fosse esperar, do outro lado do muro,
o ser mais puro, o osso mais duro.

Se fosse esperar, meu pai dizer,
o fogo cozer, a família crescer.

Se fosse esperar, um minuto de sabedoria,
abaixar a mercadoria, uma nova carta de alforria.

Se fosse esperar, o prato feito
a correção do defeito, a droga fazer efeito.

Se fosse esperar, o ultimo suspiro,
a carreira que aspiro, controlar o espirro.

Se fosse esperar, a dor passar,
o frango assar, a voz se calar.

Se fosse esperar, a escolha certa,
a palavra incerta, o calo que aperta.

Se fosse esperar, ficar pra titia,
a morte que insistia,.. assim eu nem vivia...

 





                                                                                                    Romir Fontoura



domingo, 28 de agosto de 2011

O Complexo "Humano"


As invenções de um estado qualquer moldando a emoção falmegante,
Ser forte ou fraco, doido ou onipotente, um sobressalente
do meio láudano no sobre salto da vivência.
Onírico, transportamos além de nós, “onisciente” de quase nada
Ooblastemas da espécie sem meio de troca reproduz e se reduz,
Opífero e condicionador de tons de vozes e gritos repentinos e seletivos
Abiombado em suas formas congruente de mais espaços para seus passos,
Banzado pela síndrome autodestrutiva de um olhar pela janela arqueada do ego.
Pensamentos desabam em atos inseguros como uma arvore na fase caducifólia
Dinastia da egolatria nos olhos arredios dos insumos dos consumos.
A consciência às vezes se acomoda e incomoda como
uma mabounga sobrevoando a altura da cabeça
Velame os atos na concepção tardia da imposição indumentária do esquema mecanizado
E relativo a raça cada um com seu cada qual lutando por ser inteiro zafimeiro.


-.-Romir Fontoura.-.



Ooblastema: s. m. (biol.) || ovo fecundado. F. gr. Oon (ovo)+blastema (gomo).
Opífero adj. (poét.) || auxiliar; que socorre. F. lat. Opifer. Abiombado: adj. || em forma de biombo, disposto como biombo: Divisão abiombada. F. Biombo.
Banzado adj. (pop.) || pasmado; desapontado. F. Banzar.
Caducifólia: 1 Bot. Cujas folhas caem em certa época do ano (diz-se de planta ou vegetação).
Ególatra: Aquele que cultua o próprio eu; praticante da egolatria.
Láudano: Algo que alivia, relaxa; BÁLSAMO
Mabounga: (o-ún) ||, s. f. espécie de mosca esverdeada da África
Velame: Aquilo que disfarça ou mascara
Zafimeiro: Que é velhaco, esperto, ardiloso




































segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Vivei, aprendei e repassai; (que os instintos naturais são mecanismos de defesa)



Vivei, aprendei e repassai;
A lapidação do tempo nas mesas torneadas da vida, os instintos herdados, a canção imaculada que designa a face humana,
a superação dos atos, a força de outrora nos dias atuais, a Pequenez do ser humano cada dia, mas esquio aos fundamentos ditos gigantescos.

Vivei, aprendei e repassai;
Coragem aos entes, conservação aos dentes, tranca nas portas,
ordem nas respostas, a nostalgia lacrimal de lembranças terrenas, a manhãs serenas os homens e sua trenas...
Estão medindo o mundo
Satisfazei os soluços depois dos sustos, as estatuas, os monumentos e os bustos.

Vivei, aprendei e repassai;
Que os mortais são humanos, que a luz apagada não gera sombra, que o cansaço gera a lomba.
Tenha calma... Depois da bonança os restos flutuam na mente, refaça sua nova moradia a cada dia, só os pés descalços alcançam o chão, passe na farmácia e reforce seu coração, a liberdade descendo desembestada a rua da raridade, ser maior não é ter mais idade,
as consciências ainda usam cintos de castidade.

Vivei, aprendei e repassai;
Que nem toda madre é Tereza, que nem todos os vícios geram tristeza, que ser bobo não é sinal de lerdeza, que os instintos naturais são mecanismos de defesa.





.-.Romir Fontoura.-.


terça-feira, 2 de agosto de 2011

Aro raro


Alergia por alegria, é tristeza tésa
Emocionar e acionar
Um elo singelo.

Mania de harmonia
Instinto tinto
Um aro raro
que se vira e gira...

1.mês
2.. meses

3... meses
4.... meses
5..... meses

6...... meses
7....... meses
8........ meses
9......... meses


...e produz luz
de eterno amor materno.







...Ás mães ou futuras mães...




-.-Romir Fontoura-.-

quinta-feira, 28 de julho de 2011

No acervo do mundo, sirvo; ( depois vai depender do amparo)


No acervo do mundo, sirvo;
Trago idéia no feto da consciência,
ando atrás das minhas pegadas, regadas no horizonte.

Sou parte da engrenagem na configuração da nação, em ação.
Ator coadjuvante de um instante qualquer que vier,
subordinado do acaso imediato, inexato.
O que escrevo relato tudo em um ato, de fato.

No acervo do mundo, sirvo;
Faço de mim um pouco de você entre nós para eles,
contornando luzes nos pequenos espaços que se expandem,
homens feitos de aço, corações de brinquedo pulsantes,
enigma do esconderijo inoportuno do ser que tem sido,
ei de querer, só não sei o que.

Antes e depois serei o mesmo, a esmo.
Desatando os nós dos compromissos sem ser omisso,
um retrato de família sem um ente, filho ausente.
A cria que recria encarna o dom decente,
A cor da coragem só tem um tom presente.

No acervo do mundo, sirvo;
Enquanto faço, enquanto produzo,
enquanto crio, enquanto relato,
enquanto duro... sem reparo,
depois....
vai depender do amparo.






"...Ao acervo do mundo dos quais
fazemos parte, sem reparo..."




.,. Romir Fontoura .,.



"Aos construtores e suas construções"

A vida continua mesmo nua



Algemado ao gemido,
com força para a forca
Oprimido ao comprimido
Sem ânsia pela tolerância
Não sente o sabor do mundo imundo.

Cava a cova
Risca o peito como isca
Deixa sem ação o coração
Tange o sangue

Experimenta a tormenta
Degusta a angustia
Erradia a covardia
hora chora.

Doma numa redoma
Marca com a cor da dor
Assina a sina
esmaece e esquece,
que a vida continua mesmo nua.






Aos que ainda estão por "aqui"....



-'- Romir Fontoura -'-

Não repudie o aplauso de mais um dia qualquer


Não repudie o aplauso de mais um dia qualquer,
Ei de ser, eis quem sou, ex que sou...
Se soubesse de mim não falava tanto de você,
e mesmo um tanto de você é muito pouco sobre mim.

A força que me comove, é o que me move
mesmo aflito, reflito tão menos intacto que a rocha que solta o filito.

Não repudie o aplauso de mais um dia qualquer,
o movimento da fraqueza do lamento é forte,
a vida não pode emperrar como uma porta enferrujada,
a destreza é ferramenta a ser usada.

Ei de ser um camaleão na camuflagem dos dias,
na intuição de mais ação a ressurreição da perfeição.
O prato do dia é a respiração.

Não repudie o aplauso de mais um dia qualquer,
a estância da vida é a constância,
insígnia da ânsia, motivo de mudança e alternância.

Outro dia que vem sem saber a quem
Sem saber de quem, sem saber pra quem
Sem saber com quem....
dizer amem.



;;Romir Fontoura;;

Estaria sozinho se assim pensasse (A caverna do cavernoso) )



Estaria sozinho se assim pensasse;
A guardar pensamentos no foco da memória, e desguardar de mim uma tal coragem.

Estaria sozinho se assim pensasse;
Que os dia ilustres desabam como casas em barrancos nos dias de chuvas, que se olhasse para trás ia me ver querendo chegar onde estou, que meus ouvidos não entupiriam de ouvir lamentos inoportunos e que minha boca cansaria de reclamar por alguém mais perto de mim.

Estaria sozinho se assim pensasse;
Que minha voz se cala por falta de fala, mas meu pensamento não se cansa de dizer certos dizeres e minha mente imprime ali por perto a imagem de alguém que chega de repente.

Estaria sozinho se assim pensasse;
Que as paredes não me escutam, o chão não me sente e o teto não me vê, que as sombras compartilham comigo uma parte do colchão, e que a luz se apaga quando se desliga o pendulo do desprendimento.

Estaria sozinho se assim pensasse;
Em não viver mais dias como esses de outrora, em sucumbir dentro de si o egoísmo nato de um corpo só, em dizer adeus sem ao menos partir.

Estaria sozinho se assim pensasse;
Que não poderia estar aqui novamente por motivo qualquer, que um dia não mais poderia voltar.

Estaria sozinho se assim pensasse;
Em não mais conjugar o verbo ser e estar.




::: Romir Fontoura:::


Singular homenagem ao amigo de sempre e a sua mais nova morada " A caverna do cavernoso" {Que as tetas das palavras virem facetas para os poetas}

terça-feira, 1 de março de 2011

PARA QUEDAS

/^\
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"""l i"""
"""""r i"""""
""""""o""""""

....A....
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..t u..
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Ê»x«t»a«s»e
``````´´´´´´´
t o t a l


Coragem
e.s.t.a.m.p.a.d.a


Olhar ""p e n e t r a n te"" voltado
para
b
\
a
\
i
\
x
\
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««««««Movimentos»»»»»»
t,:r,:ê,:m,:u,:l,:o,:s


Um s-- a-- l-- t-- o
e * s *t * i* m * u * l * a * n * t *e
na i.....m.....e.....n.....s.....i.....d.....ã.....o azul


C/o/n/t/e/m\p\l\a\n\d\o
-----a natureza,-----
----suas----
---formas---
--e sua--
-beleza-


O ... v " e " n " t " o ...
FORTE
»«»«refrescante»«««
»«»e purificado»«»
«»no rosto *_*«»

p~ l ~a~ i~ n~ a~ n~ d~ o no e...s...p...a...ç...o

D
|
e
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e
|
n
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|
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"M"-"o"-"V"-"i"-"M"-"e"-"N"-"t"-"A"-"ç"-"Ã"-"o"


Capacidade. .
.
.
.
. . Plenitude
.
.
.
Liberdade. .
.
.
.
. .Agilidade
.
.
.
Destreza. .
.
.
.
. .Leveza
.
.
.
Beleza. .
.
.
.
. . Magia
.
.
.
Voar. .
.
.
.
. . Ar
.
.
.
.
/^\
\ /
!!
\0/
!!

~~~~~~
~~~~~~~~~~
~~~~~~~~~~~~~~~~

^"^Romir Fontoura^"^

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Quase insignificante ( "Grão de pólen humano" )


sou esse ser; queria não ser só esse a consertar a manivela do tempo enguiçada,
mas o vento já chegou, senti um sussurro nos ouvidos.
Se eu fosse um grão de pólen já estaria longe daqui,
levitando pelas veredas do grande sertão.
Pois ser tão humano, é nem isso poder conquistar.
Saborear a extensão da longitude sem depender da falta de virtude
do sopro esbaforido do vento, que me transporta.
Pois é... Ser tão humano é não poder nem sequer consertar a manivela do tempo, Para levar vento ao deserto do sertão, e transportar mais um "grão de pólen humano" bem minúsculo, quase insignificante.



:::::: As vezes posso estar por ai, é so olhar para o alto onde o vento sopra :::::::



**Romir Fontoura**

SAUDADE DO FUTURO


Qualquer dia ele chega sem ao menos avisar ou talvez não venha ate aqui, onde os homens “respiram e aspiram por um tempo melhor”,
inventando a cada dia, um compromisso onde o relevante se torna omisso.
As raízes da memória, o sacrifício de um novo tempo,
Mas mesmo assim, serei assim.... Querendo algo que traga saudade, que expresse futuro.
Suportando a tudo na simplicidade da espera, na força de um ato qualquer.
Só não serei o mesmo, a esperar na fila da seqüência do tempo.
E se um dia por aqui chegar, talvez nem saiba se realmente foi ele quem chegou
Pois ate lá minha saudade já se foi, e tudo... tudo voltará a ser novamente o presente.

Esse escrito vai para o amigo THIAGO TURBINAS pela sugestão do título.


**Romir Fontoura**

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Sucata


Tudo que sobrou ainda usaremos um dia;
moedas no bolso, migalhas pelo caminho,

a lágrima derramada,
o pranto sentido.

Os pés no chão saboreando a calçada,

o corpo confuso deitado num banco qualquer, ainda respira.

A vida em sucatas, separadas em peças,

validade vencida,
o que sobrou ainda tem validade,
completando uma nova peça do que antes era sobra.
O corpo, o carro, a bicicleta, o desejo, o apego, a casa, a raiva, o ouro, a carteira... No fim tudo vira sucata...




***Romir Fontoura***

Fugindo de mim sinto tanto minha falta.



Acordo com tal sentimento num dia de pressentimento,
saio de mim para buscar reparo e reparo que ainda resta mais um pouco de mim pelos caminhos a seguir.
Fugindo de mim sinto tanto minha falta.

Vivo inventando vida, surgindo de repente num repente qualquer,
Ei de ser, um ser formado em possibilidades com habilidades.
expelindo lágrimas para regar os olhos secos, fazendo zueira nas mediações dos ouvidos para criar ecos.

Assim como antes, me vejo distante
e sorrateiramente finjo estar por perto,
fugindo de mim sinto tanto minha falta.

Respiro as vozes, ouço os pensamentos,
estou presente mesmo ausente,
fugindo de mim sinto tanto minha falta.




Ai de mim se não fosse eu....



**Romir Fontoura**

RIBEIRÃO DO CARMO


Líquido claro e frio que nasce a montante e morre a jusante...
Ôh sangue da terra! que hoje já não é mais um rio...

Foge no embalo da gravidade, pesado de esgotos e outras porcarias....
O que fizeste no passado para hoje merecer tamanho castigo???
Ôh rio! de cidades históricas, heróico é a sua insistência de manter-se vivo em meio tamanho desprezo...
Você que antes carregava a vida e que agora espalha a morte é sinônimo de cólera, hepatite, amebíase e leptospirose...
Ninguém mais em teu corpo pode adentrar, a sua água já não dá mais prazer e nem mata a sede de um homem que ainda depende dessa fonte para viver...

O que te resta, ôh rio! são canos de PVCs soltando ás mesmíssimas fétidas em seu longo caldário... Por isso, foge... Foge! Ôh rio... que não é mais de ouro... Foge! Ôh rio... de dejeto humano...


Edson "Cavernoso"


Versos verdadeiros do sempre amigo !!

Vivenciai (O que podemos ver além dos olhos)


Vivenciai o que podemos ver além dos olhos,
na embriaguez das atitudes uma dose menor no próximo momento.
Grito e entendo o silêncio, em silêncio espero o grito como um rito que vem da garganta, apresso os passos para chegar mais perto de mim, vou além da minha sombra na calçada.
Vivenciai a perda depois de um ganho qualquer.
Mesmo sem mim, há você. Mesmo sem nós há outro alguém que se lembra de todos.
Calo e percebo a fala, quando falo ouço a voz dos calados que de olhos arregalados suspiram medos e metáforas, ei de ser eu mesmo...por dentro e por fora, a toda hora.
Indo e vindo trago mensagem, vejo com ensejo mais um capitulo do desejo.
Vivenciai a conduta depois da luta e da labuta.
A mesma força faz o pau da forca, de um lastro vem à idéia do simples ao abstrato.
Corro e vejo passar por mim quem já passou por eles, percebo que sozinho só me distancio.
Vou andando por ai carregando um tapete, nas linhas e entrelinhas vou seguindo, e quando aquela que me deu vida chegar... Estico o tapete e a vejo passar...
Vivenciai esse momento com a força de um pensamento.



**Romir Fontoura**



Vivenciai cada momento...

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Auto-estrada da existência


Obstáculos ao longo do caminho,
desvios na consciência, trechos em obra no acostamento do espírito.
viagem translucida em busca do eu interior,
ultrapasso mais um pensamento distante,
paro para abastecer meus sonhos,
reparo as imagens que se formam no retrovisor da mente,
dou carona ao entusiasmo, atropelo a amargura
sigo conservando a direita, e a estrada continua .....


**Romir Fontoura**

Um foco de luz no horizonte (uma energia que me conduz)


Um foco de luz no horizonte, alguém me chama do outro lado da ponte,
o vento traz a chuva pro meu lado e desvia a luz para o chamado,
Penso estar indo sem volta, a imagem tem escolta.
Olho para trás e uma vasta imensidão e na minha frente uma espécie de radiação,
Não consigo decifrar o sentindo da luz, que me atrai que me conduz.
Meu corpo em movimento atravessa a ponte, assim consigo ver ate que a imagem me aponte.
Quando percebo que estou quase chegando do outro lado, percebo que não estou isolado, Olho para trás e me espanto com a fila que se formou com a luz que se irradiou.
Finalmente sinto uma mão me tocar quando atravesso a ponte, uma energia misteriosa que se deu como fonte.
Espero e vejo passar por mim um exercito sem igual guiado pela força natural, prossigo meu caminho agora com a luz dessa energia que me conduz.


**Romir Fontoura**



¨* As vezes ficamos sem saber por onde seguir, o caminho da vida se modifica a cada instante e num instante qualquer precisamos de energia, de força, de percepção, de coragem, de animo para prosseguir e continuarmos iluminados como orientação de uma força extra, de um condutor natural para seguirmos em frente...

¨* luz a todas as criaturas, luz na imensidão para chegarmos tão perto; de quem gostamos, do que queremos alcançar e do que queremos mudar.

Ei de ser o que ainda não fui... (Uma onda que flui )
















Ei de ser o que ainda não fui;
Um fazedor de letreiros que embola palavras e forma dizeres,
Um soletrador lascivo ao soltar inúmeras palavras,
Uma onda que flui.

Ei de ser o que ainda não fui;
Um qualquer, um alguém, um aquém
Um ninguém, um retrocesso, um acesso.
Uma onda que flui.

Ei de ser o que ainda não fui;
Depois de ser alguma coisa que custe outra coisa,
Uma nota de 100, uma pepita de ouro, um diamante,
Um reflexo no escuro, uma sombra sem luz.
Uma onda que flui

Ei de ser....
A desistência de um começo que quase chega ao fim,
Um choro que rega a emoção,
a porta da percepção, o choro da criança expansiva
um curso de realidade intensiva.

Ei der ser o que ainda não fui
Uma onda que flui; que se forma forte, poderosa e combatente
e depois se desfaz... Assim como nós



**Romir Fontoura**

Estaria sozinho se assim pensasse


Estaria sozinho se assim pensasse;
A guardar pensamentos no foco da memória, e desguardar de mim uma tal coragem.

Estaria sozinho se assim pensasse;
Que os dia ilustres desabam como casas em barrancos nos dias de chuvas, que se olhasse para trás ia me ver querendo chegar onde estou, que meus ouvidos não entupiriam de ouvir lamentos inoportunos e que minha boca cansaria de reclamar por alguém mais perto de mim.

Estaria sozinho se assim pensasse;
Que minha voz se cala por falta de fala, mas meu pensamento não se cansa de dizer certos dizeres e minha mente imprime ali por perto a imagem de alguém que chega de repente.

Estaria sozinho se assim pensasse;
Que as paredes não me escutam, o chão não me sente e o teto não me vê, que as sombras compartilham comigo uma parte do colchão, e que a luz se apaga quando se desliga o pendulo do desprendimento.

Estaria sozinho se assim pensasse;
Em não viver mais dias como esses de outrora, em sucumbir dentro de si o egoísmo nato de um corpo só, em dizer adeus sem ao menos partir.

Estaria sozinho se assim pensasse;
Que não poderia estar aqui novamente por motivo qualquer, que um dia não mais poderia voltar.

Estaria sozinho se assim pensasse;
Em não mais conjugar o verbo ser e estar.



*Romir Fontoura*



parafraseando Jean paul Sartre:

"Se você sente tédio quando está sozinho
é porque está em péssima companhia".

* Memória de uma bosta

No começo da minha gestação ainda era um simples alimento a transitar numa viagem de nove horas pelo organismo. Depois de três dias no hospital “intestino grosso” perdi água e sais e me transformei num individuo solido com massa uniforme foi quando nasci, e assim me registraram como FEZES, e desde pequeno já me apelidaram BOSTA, mas nos vários lugares que passei ganhei varias designações dentre elas; cocô, estrume, eca, excremento .... e ate de merda.
Hoje minha aparição se tornou famosa, todos já me conhecem Por onde passo, sou notada, a maioria comenta de mim. Já visitei casa por casa desse mundo, canto por canto, chão por chão, montanhas, bosques, florestas, igrejas, templos , Parques, empresas, rios, riachos, lagos, mares, campo de futebol, bares, restaurantes, cidades, lugarejos... por toda parte já passei . Hoje ninguém é mais famoso que eu, Por onde passo, deixo meu rastro, por onde passo tiro a respiração, As vezes ate me confundem com santa e dizem “Nossa senhora”. Mas o que fica na memória de cada um é minha essência. E quando se lembrarem de mim diga assim; “QUE BOSTA”


*Sugestão do título Katia Vitalino



Romir Fontoura


Eu sinto como se seguisse minhas muletas por ai
















Devagar sem parar, sigo andando,

ando seguindo sem parar.
Abro a maleta e pego a muleta
devagar sem parar, sigo andando.

Pernas de madeira pra subir ladeira,
Pernas de pau pra subir degrau,
Ando seguindo sem parar,
a muleta esguia como estrela guia.

Devagar sem parar, sigo andando
Pisando no chão devagar como se fosse levitar
Não posso correr, mas não posso parar.

Eu sinto como se seguisse minhas muletas por ai
indo e vindo pelas linhas do chão, seguindo as trilhas do coração,
Ando seguindo sem parar,
não posso voar, mas não posso parar.

Devagar sem parar sigo andando,
Piso na calçada, na rua, na estrada, no chão de massa
faço da minha desgraça, uma graça.


Romir Fontoura