segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

PAVRAS PALVRAS PALAVRAS




pavras palvras palavras
Provas uma ovas,
Defuntos debaixo das covas.

Mulheres ociosas
De peles oleosas,
Segredos do azedume
Luzes sem vagas lumes.

Pavras palvras palavras
Faça sua aposta
Livre-se da proposta,
Suba descalço a calçada

Puxe o coro dos emudecidos
Retire a lança do peito dos vencidos
E prossiga
Siga
Pare quando vir o sinal
Nunca um lamento final

Os tons marcantes
É esperar que todos cantem.

A letra que dizia um refrão assim;
Pavras palvras palavras.
Palmas para as almas
Que ainda amas






Romir Fontoura

domingo, 27 de janeiro de 2008


"Educação vem do berço, mas quem nasce debaixo da ponte não tem berço"



//// Romir Fontoura ////

sábado, 26 de janeiro de 2008


"E quando lembrar de mim, lembre primeiro do meu sorriso como um convite para sentarmos na mesma mesa"


"""""Romir Fontoura"""""

Não preciso voltar (Tragam para mim)


Não preciso voltar,
do lugar sublime,
Onde os pássaros exalam melodias
Que simplificam os dias.

Tragam para mim
Mais um pouco de mim,
Mas isso não são bulas de remédios
Que curam os tédios.

Tragam para mim
Mais um pouco deles,
Mas isso não são teoremas
Que viram temas.

Não preciso voltar
Do lugar que sempre vivi,
Onde as máscaras cobrem os rostos
Cheios de desgostos.

Tragam para mim
Mais um pouco de inovação,
Mas isso não são frutos maduros
Cheios de caroços bem duros.

Não preciso voltar,
Para o chão de migalhas
Onde os vultos brigam pelas paredes
Cheios de sedes.

Tragam para mim
Mais um pouco de nostalgia
Mas isso não são magias
Cheio de orgias.

Não preciso voltar
Do espaço que ainda me cabe
Mas isso é apenas um viver
Quero mais, que apenas sobreviver.




((Romir Fontoura))
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sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

O SER FINITO QUERENDO FINDAR O INFINITO


O ser finito querendo findar o infinito,
Uma voz rouca que emitia paz, hoje emudecida.
Uma mata nativa de plantas verdes ativas, hoje cinzas.
A mudança repentina na era,
Flores que já era.

Cubra com o manto de sua própria imagem refletida
E reflita sobre si mesmo que a dor é de graça
Mas os corpos mais frágeis pagam caro por ela.

Pedra sobre pedra, mais um tumulo que se faz.
Agora um abrigo consistente.
Ante desgraça, ante fome, ante dor.

A insígnia se torna um clivo cravado no peito,
O abriga da luz, abriga as sombras de cada um.
Insista na existência ela ainda faz parte de nós,
O ser rastejante, a cria profana, o dono do dom.

A mesma forma do formato humano,
do sub humano, uma partida sem reconstruções,
um passo, sobre os passos, marca passo.

A crescente devastação
Devasta a ação da ação devassa.

Junte seus pertences e ponha na arca
Arque com as conseqüências,
Como um arqueiro que acerta o peito do oponente.

Mantenha a vida, sem reter vidas.
Ponha a cabeça fora do mundo para respirar melhor,
Plante uma arvore, escreva um livro
mas nunca faça um filho se tornar um arqueiro
ou um oponente.




""" Romir Fontoura"""



quinta-feira, 10 de janeiro de 2008


"Minha alma machista anda sempre despida, assim fica mais fácil adentrar no corpo feminista"



¨¨¨¨ Romir Fontoura¨¨¨¨

sábado, 5 de janeiro de 2008

“A justiça é como as serpentes; só morde os descalços”

Monsenhor Oscar Arnulfo Romero

BRASIL SEM CONSERTO NUM CONCERTO DE POUCAS VOZES


A vida se estende perante os anos, e os anos se estendem perante as ações de cada um de nós, armados ou desarmados, mudos ou calados, fortes ou fracos, almados ou desalmados; uns insistem em mudanças e fazem, vão à luta, gritam pelos direitos, outros insistem em pegar carona nas mudanças alheias e do meio. Outros exercem somente a síndrome ativa da destruição, as crianças se aderiram às máquinas findando o sentimento pueril em dizer a benção com os lábios lambuzados de doce caseiros, os humanos querem mudar a si mesmo para corrigir a sua própria natureza e deter a passagem do tempo; cabeleiras, lábios, pômulos, seios, bundas, mudanças externas vistas a olho nu, mas despida aos olhos internos da consciência, da essência em sermos nós mesmos e fazer por onde mesmo em caminhos sórdidos. O ladrão que rouba um saco de pão seven boys sofre um castigo maior que um empresário responsável pela morte de um operário num acidente que podia ser evitado, o roubo não é menos roubo quando cometido em nome de leis ou de políticos, poderosos, mas infelizmente em nossos pais a realidade é outra bem mais imposta, nunca seremos iguais, pois não vivemos em igualdade, haverá sempre um faminto maltrapilho na esquina pedindo esmola para um engravatado, haverá sempre meninos descalços observando tênis importados em vitrines requintadas, haverá sempre mocinhos em alta velocidades exibindo o carro importado que o papai político, empresário o presenteia com as finanças da “lavagem” do dinheiro mais suja que aquela “lavagem” que alimentam os porcos dos lixões subumanos, e sempre haverá um cego abrindo caminho encostado em sua bengala e tropeçando nos buracos das calçadas deixados pela falta de atitude dos governantes, estamos cada dia presos e condenada a vivenciar a partida da complacência regada à falta de paciência que rege a orquestra de um país sem coro, sem vozes que exibem um timbre empunhando proteção aos mais fracos, desprovidos dos que os outros tem em sobra e desperdiçam.
Outro dia tive um sonho, que estava virando nosso país ao avesso como quem vira uma camisa amarrotada, e na etiqueta estava escrito “Brasil sem conserto num concerto de poucas vozes” como dizia monsenhor Oscar Arnulfo Romero, Arcebispo de San Salvador, assassinado em 1980; “A justiça é como as serpentes; só morde os descalços”



Romir Fontoura

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Óscar Arnulfo Romero Galdámez


Sacerdote católico da América Central nascido em Ciudad Barrios, El Salvador, no Dia da Assunção da Virgem Maria e mártir da luta pelos direitos humanos na América Central. Foi ordenado sacerdote (1942) e tornou-se Bispo Auxiliar de São Salvador (1970), com o lema de sua vida: Sentir com a Igreja. Os anos em que passou como Auxiliar foram muito difíceis, devido a um sacerdócio tradicionalista, com posturas conservadoras diante da situação, que não se adaptava à pastoral social que impulsionava a Arquidiocese, além do difícil ambiente na capital e a situação da violência assustadora. Tornou-se Arcebispo de San Salvador (1977) e o assassinato do seu amigo, o jesuíta Padre Rutilio Grande, em 12 de março daquele ano, e de um grupo de camponeses, inclusive crianças, que regressavam de um ato litúrgico, assassinados sem compaixão por alguns militares, revolucionaram a sua vida. De pessoa fortemente conservadora, introvertida e pouco aberta às aspirações do seu povo, despertou para a gravidade da situação de injustiça e violência que se vivia e compreendeu que a sua missão de pastor era tornar-se defensor do povo, a voz dos sem voz. Começou a se identificar mais com os pobres e a chamar os assassinos e opressores pelo nome e sua pregação começou a dar frutos na Arquidiocese, a união do clero e dos fiéis em torno do seu chamado e a proteção da Igreja. A situação complicou-se após a eleição reconhecidamente fraudulenta do general Carlos Humberto Romero para a presidência. A violência e a opressão da elite salvadorenha apoiada pelos Estados Unidos acentuou-se e pela sua postura dura contra a violência e as injustiças de que o seu povo era vítima acabou por receber inúmeras ameaças de morte, tendo sido assassinado com um tiro no coração por um franco-atirador, no dia seguinte a ter ordenado em nome de Deus, o fim da repressão contra o povo, enquanto celebrava a Eucaristia na capela do Hospital La Divina Providencia em San Salvador, a 24 de março (1980).