terça-feira, 31 de julho de 2012

O sintoma do perigo é estar vivo




O sintoma do perigo é estar vivo, dividir o existente com o exigente.
Sucumbir o medo e adorar gente,
sofrer de asma, ver fantasma,
Ajoelhar perante a imagem, depois da sacanagem.
Subir a rua com a pele nua, dividir o pão com o ladrão,
comer o enlatado até ficar entalado.
Trocar o luar pelo celular, bater e apanhar,
Chorar com o nó na garganta, depois acreditar em esperança.
Lutar pela fome e cuspi no prato que come,
a grana que vem da bola, tomar coca cola.
As trancas na janela, no escuro sem a vela,
beber água suja na gamela, puxar o vento com manivela.
Levantar e rezar e as contas não pagar,
furar a fila com pressa, preparar a compressa.
Beber ate cair e depois dirigir.
Fugir pela tangente no meio de muita gente,
a mão calejada, vista cansada, pele suada, trabalhar e não fazer nada.
Dependência de empregado, o ser discriminado, a porta e o cadeado.
Vou vivendo enquanto sirvo, o sintoma do perigo é estar vivo.



Romir Fontoura

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Vi meu rosto olhando para mim






Vi meu rosto olhando para mim,
sofrendo sem saber o que querer,
talvez quisesse me dizer o que fazer,
naquele momento eu não pude responder,
por que não sabia o que dizer,
nem pude me esconder.

O que eu tinha para falar para mim,
Se soubesse esconderia nem me encarando diria,
Sei lá se ele me pedia ou se me daria,
Nem eu sabia.



&&&Romir Fontoura&&&

O Bafo do novo mundo







O dente da imposição foi extraído,
lá no fundo a cárie da existência.
Nem dor sentiu a contradição, tava distraído,
agora a realidade mastiga vazia sua essência.

Cospe sangue para aliviar a alma,
a saliva que era salubre já cheira a salitre.
A boca desdentada grita chamando a informação,
a noticia que chega pede calma.

O bafo do novo mundo, do céu ao fundo,
a calamidade o podre profundo.
O flúor do tempo exala suor,
a raiz que cresce é a menor.

Mau halito em criar hábito,
gargarejando o tempo como passatempo.
Surge um implante no pensamento,
o ato de sorrir virou incremento. 


                                  


 """""As raízes profundas da existência"""""



///Romir fontoura///


A verdadeira van filosofia de buteco

Ventríloco loco





Entre o ventre,
a cria ria.
Espera a véspera.
 

Nasceu, eu
causo, aplauso
ventriloco, loco



_.-Romir Fontoura_-

Quando ando



apuro ar puro
quando ando
respiro, aspiro, piro

respirador, respira dor
aspirador, aspira dor
eu piro com tanta dor.




;;Romir Fontoura;;

quarta-feira, 25 de julho de 2012

A ida da vida



Escuridão solidão,
luz conduz
a ida da vida.

forte a morte
terra enterra
osso oco.

um coro de choro
acúmulo de túmulo
.




:::Romir Fontoura:::

SOBRE-VIVER (Circunscrito em tempos)



r


Escondido na essência da imaginação,
sou a transfiguração do meu eu.
Transportando dizeres ao acaso,
Pensando promessas inigualáveis.

Derretendo na imensidão,
sou um cidadão, circunscrito em tempos,
demarcado por lições de sobrevivência
Na inocência de querer algo mais.

Mas além de mim,
bem antes de mim,
depois de mim...
Me diga que formato é esse, que nos faz assim.
Sem saber ao certo, um certo saber,
Na deriva do amanhecer, na incógnita do anoitecer.



                                  

...Pela sombra não vejo seu rosto, mas ao oposto não vejo a sombra...Sobre o que nos leva a pensar é o que nos faz viver...


Indigesto amor



A língua sem fonema, treponema vocal.
E no ar da fala nem um tema.

Olhos desconectados ao avulso do avesso,
ouvidos entupidos sem sintonia, monotonia.
O nariz suga o pó, cheira poeira.
Cabelos e pelos se misturam no mesmo leito, espirro com defeito,
o esbaforido do néctar tinge a laringe, o cuspe na cara da esfinge,
a cabeça pensante sempre finge.

O dente espera a carie com amor,
aproveitando todo o sabor.

Boca escancarada esperando o incremento,
sobe alimento, desce excremento.

O corpo apodrece, esmaece,
todo mundo esquece.




                                           uma ressalva;

       Aos que falam de amor e fingem não sentir dor, usam o amor como lição, satisfação, ilusão, bonito, feio, compromisso, combustível, moeda de troca, sacanagem, riqueza, pobreza, dinastia, religião, futebol, política, excremento, lamento, "poesia", heresia ...ou sei lá mais o que, no final ninguém sabe o que sente, apodrece, esmaece e todo mundo esquece.


                                                                                                                      »»Romir Fontoura««

Vida eterna ao homem da caverna




Na lamina do facão o caminho da prospecção,
espeleólogo em ação, contornando o paredão.

Olhar atento exposto ao relento, roçando o horizonte,
transpondo ponte, desviando de arcos e buracos, pulando drenagens,
Cortando cipós, bambus e folhagens.

Do sol ao firmamento, pelo mapa o espaçamento do caminhamento.
Some no capinzal e resurge no matagal, sobe a colina, observa a dolina,
ajeita a perneira, desce a pirambeira, corre se expondo da abelha e marimbondo.

GPS na mão indica a direção, afloramentos de rochas que nascem no chão.
No espaço da extremidade surge mais uma cavidade, entra no buraco e se esquiva, para uma nova pesquisa.

Profissão que se torna atração.
Vida eterna ao homem da caverna.



Romir Fontoura

A vida é dúbia; do fraco ao audaz


A vida é dúbia; duvidosa e simples.
Suntuosa e sucinta, e por mais que eu sinta,
sempre se desfaz, do fraco ao audaz.

Mesmo no grito, suspiro, piro, me viro.
Aspiro à molécula do sentido, no vão do pensamento,
que escorra um pingo de escárnio no nariz do lamento.

Onde tudo que vier que não seja lucro, sujo.
que o dito, não seja cujo, um dia ainda corro e fujo.
Emudeço falando, discordando concordo,
Percebo que de novo acordo, como se um novo dia fosse um acordo.

Se um dia me tornar de novo um feto,
finjo perceber que deixei de receber o afeto.
Descobri que isso tudo não passa de um manifesto.

Mesmo quando não sabemos viver, abrimos os braços em protesto.




::.Romir Fontoura:::