terça-feira, 31 de julho de 2012

O sintoma do perigo é estar vivo




O sintoma do perigo é estar vivo, dividir o existente com o exigente.
Sucumbir o medo e adorar gente,
sofrer de asma, ver fantasma,
Ajoelhar perante a imagem, depois da sacanagem.
Subir a rua com a pele nua, dividir o pão com o ladrão,
comer o enlatado até ficar entalado.
Trocar o luar pelo celular, bater e apanhar,
Chorar com o nó na garganta, depois acreditar em esperança.
Lutar pela fome e cuspi no prato que come,
a grana que vem da bola, tomar coca cola.
As trancas na janela, no escuro sem a vela,
beber água suja na gamela, puxar o vento com manivela.
Levantar e rezar e as contas não pagar,
furar a fila com pressa, preparar a compressa.
Beber ate cair e depois dirigir.
Fugir pela tangente no meio de muita gente,
a mão calejada, vista cansada, pele suada, trabalhar e não fazer nada.
Dependência de empregado, o ser discriminado, a porta e o cadeado.
Vou vivendo enquanto sirvo, o sintoma do perigo é estar vivo.



Romir Fontoura

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