quarta-feira, 25 de julho de 2012

Indigesto amor



A língua sem fonema, treponema vocal.
E no ar da fala nem um tema.

Olhos desconectados ao avulso do avesso,
ouvidos entupidos sem sintonia, monotonia.
O nariz suga o pó, cheira poeira.
Cabelos e pelos se misturam no mesmo leito, espirro com defeito,
o esbaforido do néctar tinge a laringe, o cuspe na cara da esfinge,
a cabeça pensante sempre finge.

O dente espera a carie com amor,
aproveitando todo o sabor.

Boca escancarada esperando o incremento,
sobe alimento, desce excremento.

O corpo apodrece, esmaece,
todo mundo esquece.




                                           uma ressalva;

       Aos que falam de amor e fingem não sentir dor, usam o amor como lição, satisfação, ilusão, bonito, feio, compromisso, combustível, moeda de troca, sacanagem, riqueza, pobreza, dinastia, religião, futebol, política, excremento, lamento, "poesia", heresia ...ou sei lá mais o que, no final ninguém sabe o que sente, apodrece, esmaece e todo mundo esquece.


                                                                                                                      »»Romir Fontoura««

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