segunda-feira, 19 de maio de 2008

PIRONAUTAS ( Guardiões da luz )


Hippies ao luar falando ao celular
Artesanatos num pano sobre o chão
Esboça ideologias , simplifica emoção.

A natureza cuida de mim, e eu cuido da naturalidade
Mochila com carga pesada, mas o peso maior é a discriminação
Cabelos embolados, brincos, pulseiras e colares acessórios da originalidade.

Armo minha barraca sem sala de estar
Mas o bom mesmo é estar, um dia aqui
Outro acolá.

Pironautas cuja nave espacial é o banco da praça,
E o destino, é não ter destino.
Mesmo assim te ensino
Que o ser humano não se segrega só a raça.

Longe dos entes, um papo nas esquinas.
As roupas surradas, o sorriso das meninas.

Pironautas, guardiões da luz
União que erradia
Um pé na noite e outro no dia.
*******************************
Aos amigos que circulam, circundam e fecundam sempre novos atrativos em ambientes diversos, itinerantes de lugares e outros ares, se não mais te veres, um abraço adiantado de boa viagem...
Romir Fontoura

FERRAMENTAS ANTE LAMENTAS



Meu palavrão é faca afiada para as conversas fiadas,

Apunhale o coração sem cor e sem ação,

Um corte de tesoura nas asas da ave que agoura,

Costure a boca da mexeriqueira com agulha esgueira.

Torça os beiços do corrupião com alicate de pressão.

Aperte os parafusos dos ociosos com alicate multi usos.

Puxe a língua da preconceituosa duquesa com turquesa,

Dê uma martelada no dedo da moça desmantelada,

Serre as idéias dos impostores com serrote de lamina forte,

Jogue massa de cimento e passe desempenadeira na macumbeira,

Corte o cabelo do sacana com plaina,

Meta a picareta no negativismo do careta,

Passe a foice no pessimismo do sujeito que dá coice,

Rasgue com facão o pensamento do ladrão,

Depois comemore pegue um abridor, abra e deixe sair a dor.



,,,Romir Fontoura,,,

quinta-feira, 8 de maio de 2008

BÁCULO CELTA (O poder da transformação)




Empunhando meu báculo prestímano, sinto o poder e não subestimo.

Transformo-me num mago celta de vestes chamejantes e gestos céleres.

O báculo tem o poder da transformação, transforma os homens que passam pela ruela em estatuas de reis esfarrapados e mendigos de ternos.

e destorcem as arruelas das cabeças prestes a não mais pensar.

Transforma os trejeitos em jeitos para se transformar,

Abrem as celas das micelas elipsóides e libertam os humanóides.

Transforma as sobras em farturas e livra os esfomeados das torturas

Faz jorrar água purificada do ventre que existe entre as montanhas.

Transforma energia em luz que ilumina a porta da mina onde dormem os já iluminados.

Rasga as cortinas de cetim para o vento se sentir a vontade

Transforma rifles em rifes de guitarras, e divide as partes em partes iguais.

Faz do dom uma liberdade sem donos e evita os duelos entre elos incompatíveis

Transforma agonias em harmonias e reticências em essências.

Transforma as migalhas em malhas para cobrirem os corpos carecidos

Lembra do esquecido não só depois de ter morrido, confecciona vida em tabuleiros resistentes para gerarem indivíduos consistentes.

Transforma filho sem pai em pai, filha que lamenta em mãe que amamenta.

Transforma linhas em dizeres, letras em prazeres e o recomeço do fim num começo sem fim.

Como dizia Lavoisier; "Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma".


~~»Romir Fontoura«~~

DENTRO DA MINHA CABEÇA ELETRIFICADA, NASCEM SEMENTES LETRIFICADAS


Dentro da minha cabeça eletrificada, nascem sementes letrificadas.

O adubo são meus pensamentos enraizados e ramificados,

O cabelo é a mata, cuja raiz sustenta os nódulos dos miolos.

Se dentro da minha orelha nascer um pé de feijão é porque a cera é fértil,

A saliva da minha língua irriga o canteiro de palavras

Quer uma muda da minha idéia?

Adube primeiro seu solo encefálico.

Se no meu queixo nascer grama é porque o creme de barbear não possui agrotóxicos

Os cílios são as matas ciliares, e as nascentes são as lagrimas.

Quer uma semente do meu pensamento?

Fertilize primeiro sua massa cefálica.

Se o meu bigode espetar como espinhos de cactos é porque a epiderme é germinante

As maçãs das faces têm sabor salgado de suor.

Quer uma muda de minha arvore genealógica?

Faça primeiro uma preparação do seu terreno mental.

Dentro da minha cabeça eletrificada, nascem sementes letrificadas

Cada letra é como se fosse mais uma arvore que nasce, levando oxigênio

Adubo natural para o desenvolvimento vital, que brotou no solo da existência.


»»»»» Romir Fontoura «««««

OS EFEITOS DOS "ISMOS"


As cordas vocais da voz interior
estão roucas de tanto gritar pelo existencialismo,

Feitos piorras no espaço
Não há passos que cheguem,
Em um lugar sem modismos,
Simbolismos e efeitos dos “ismos”.

Mas o realismo esta sempre longe do ocultismo,
a impaciência entorna em torno de nós mesmos,
seu liquido que impregna como verniz misturado com betume.

O autoritarismo é o palco sem luzes acesas, feitos de tabuas podres e engrenagens enferrujadas.
Mas existem mecanismos para se acender as luzes, evitar cupins e ante ferrugens.

O positivismo infiltra sonhos
O negativismo liberta os pesadelos.

Há um rastreador sobreposto pelo ar
Que capta os efeitos dos “ismos”

O ceticismo é a língua sem saliva do catolicismo
Quem não entende cospe o neologismo
Inventa um termo sem estrangeirismo
Para libertar-se do analfabetismo.

As cordas vocais da voz interior,
estão roucas de tanto gritar por protecionismo.


Romir Fontoura

sexta-feira, 28 de março de 2008

SURRUPIAVA A VOZ DO VENTO PARA IMITAR O JEITO DA NOITE FALAR (O decrépito que arrastava sua carcaça)




O decrépito arrastando sua carcaça, Hoje não passa de uma ração carcomida que alimenta o tempo, um dia valeu de forças maiores atribuídas de tal coragem.

Alimentava-se de veredas para desvendar sua eterna morada,
Seus constantes rodopios pelo espaço ao longo dos passos,
Bem criado, quando queria comer gritava a dona.

Surrupiava a voz do vento para imitar o jeito da noite falar,
E quando acordava e não via o sol rosnava como seu cão pulguento,
Cortava toras de madeiras que um dia vestidas de folhas serviram de sombras para
Os viajantes.

Deitava, e pelos furos nas telhas velhas via o céu carregado de pontos cintilantes,
Imaginava estar perto, mas quando sacudia a carcaça rolando pelo colchão de capim
Sabia que estava muito longe.

Empurrava os dias com as mãos calejadas, alimentava a criação e se nutria das cordas do velho relógio pendurado na parede suja de fumaça.
Guardava a palha, pois já sabia que ia chover.

E da janela cuspia pedaços de fumo que servia de consumo para as tardes sem rumo.
Montava em seu cavalo cinzento e galopava até não sentir mais lamento,
Abria a garrafa com o dente dava uma talagada e guardava o resto para outrora

Arrastava sua carcaça pela vastidão da terra altiplana, mas já sabia que a vida não era plana como o caminho que sempre seguiu, e quando reunia os mais jovens falava de tudo que lhe convinha.
Desde a labuta até a vinha, ensinava, respondia, lamentava e sabia que o fim um dia vinha.
E quando esse dia chegou, o povo chorou.
O decrépito abandonou sua carcaça
Já não mais respirava o ar da graça,
E no dia de seu enterro, ate seu cão pulguento.
Sentia tal sofrimento, latia com rouquidão.
Agora seu dono era parte de uma nova criação.
E na cruz cravejada na terra uma frase que dizia assim:
“Surrupiava a voz do vento para imitar o jeito da noite falar”



.,.,Romir Fontoura.,.,

ENVELHEÇO AO LUAR DEPOIS DOS RAIOS DE SOL (Sinto falta do que faz falta)



Envelheço ao luar depois dos raios de sol,
Sinto a força viva da alma morta de nossos antepassados,
Antes nunca tivesse passado por aqui, onde se lembra dos calçados, mas esquece os passos.

Sinto falta do que faz falta,
do brilho raro da bailarina empunhando seu aro,
do palhaço cheio de pigmentos coloridos que busca o sorriso preso no peito vazio,
do equilibrista que usa a corda como um caminho onde cabe só ele.

Envelheço ao luar depois dos raios de sol,
Sinto falta do cheiro da terra molhada, do espantalho que dali fez sua morada,
do par de botas que cobria os pés noduosos, dos casos dos idosos.

Sinto falta do que faz falta,
da serventia da casa, da mariposa e sua asa.
do correr do rio, do respeito da criança que não dava um pio.

Envelheço ao luar depois dos raios de sol,
Sinto a voz de um chamado, um tanto aclamado.
O corpo enlamaçado como lembrança de um tempo que já foi amado.

Sinto falta do que faz falta
da alma infantil, onde o sorriso do adulto era mais pueril.
E o velho não envelhecia sem espaço como um cão dentro de um canil.

Envelheço ao luar depois dos raios de sol,
Simplifico os gestos no que ainda não virou resto,
Ajoelho e devagar peço,
que será deste pequeno universo
mas na verdade se pudesse...
resumia tudo em apenas um verso.


Romir Fontoura


sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

ESQUECER SEM REALMENTE NUNCA TER LEMBRADO


Esquecer sem realmente nunca ter lembrado
É ocultar seu criacionismo
Sua culpa madura que cai do galho da vida a cada instante.

Mas a arvore maior é a que dá menos frutos
Onde a reiteração de si mesmo, é o inverso do inoportuno,
Os frutos fartos não se vendem em feiras,
e vidas não se colhem como tais frutos.

As sementes ainda continuam a germinar
Na terra os frutos
No ventre a vida.

As arvores ainda continuam a crescer
No pomar os frutos
Na genealógica a vida

Esquecer sem realmente nunca ter lembrado
É pisar com força no ventre da terra
E deixa-lo marcado com as pegadas
Do inoportuno.


Romir Fontoura

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

FAÇA A ESCOLHA DA LIVRE ESCOLHA


Riscos e rabiscos adentram a madrugada
Palavras novas e usadas sobre a folha sem linhas
Rasgue o verbo e reparta para quem tem fome de frases,
Alimente cada um com seu cada qual.
E cada qual alimente cada um.

Afazeres e deveres adentram o dia,
Palavras velhas e desbotadas sobre a rua alinhada
Rasgue o bucho e escolha um ventre com suíte.
Alimente os porcos com as sobras humanas
E que as sobras humanas alimentem-se dos porcos.

Respirar e pirar adentra meu corpo,
Palavras insanas e soletradas sobre a garganta alienada
Rasgue as cordas vocais e cole dentro dos peitos dos emudecidos
Alimente as lembranças com as atitudes
E que as atitudes nunca se alimentem de lembranças.

Faça a escolha da livre escolha,
Desprenda-se das algemas, libere seus pulsos para pulsar.
E seu corpo para incorporar você mesmo nesse teatro imposto.
E que os gritos cheguem até o interior do seu interior.

Mover e remover adentra minha cabeça,
Palavras furiosas e singelas sobre a mente aliada
Rasgue os neurônios e cole na parede do inconsciente
Alimente os pensamentos com ações
E que as ações degustem pensamentos.

Faça a escolha da livre escolha,
Risque e rabisque
Respire e pire
Mova e remova.

Desprenda-se das algemas. Libere seus pulsos para pulsar.



««=»» Romir Fontoura ««=»»

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008


"Que inferno isso aqui, por favor meu senhor... faça-me voltar Para o ventre materno."



**** Romir Fontoura ****

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

OS DEUSES A LEVARAM


O corpo decano
Envolto sob o pano.

Face fragmentada
Do puro medo.

Criatura suntuosa
Que ainda se move.

Pés de nódoas
Como sinais dos passos

Ser sem morada
Que vaga.

Vaga lentamente
Da vida ausente.

Descobre a perfeição
Pelo rosto sem feição.

Sacode o sonho
E põe no varal do destino.

Em desatino, se despe
De si mesma.

E veste se da carapaça
De um tal desejo.

Encontra se com certos deuses
E com eles dançam..
E Cantam a velha canção
Que falava de tempos remotos

E ao se mover, desaparece.
Sem disfarce.

Os deuses a levaram..




Romir Fontoura

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

CORPO AFLITO


Às vezes penso na partida mais espedaçada
Como uma pétala que se desfaz ao rajar do vento.
As formas se confundem dentro do corpo aflito
Tomam formas sem equilíbrio e já não mais voam.

Mesmo distante os olhos percorrem o horizonte
A planificação da visão percorre a distância,
Como um cavalo galopando sem destino
Sem Del, o corpo aflito nunca chega.

Toda voz se cala, quando a solidão percorre as formas.
E dentro de cada corpo a ânsia imatura,
Como frutos maduros que se desprendem dos galhos.
E ao cair um retrocesso do acaso.

Exemplifica-se um formato único e sensível
E as cores de um tal desejo se misturam
Como um arco íris que interliga o horizonte
E distante dos pés... Os passos.

O vôo da adversidade com suas asas esmigalhadas
Os pedaços nunca se juntam no ar,
À parte do corpo que se fazia voar
Já não mais levita.

A concepção que emotiva o espaço,
Traz um novo brilho que vem das criaturas antigas,
Como uma criança que observa estrelas cintilantes no céu.

E as peças que se desfazem,
Vão se unir em um novo tempo...
Mais sólidas como pedras maciças de uma rocha.

E bem distante dali;
O tempo ainda exibe suas asas imponentes
Sobrevoando como um passaro raro,

Pousando sobre a cabeça do corpo aflito, como um corvo, um abutre.
E findando seus dias.



((((((Romir Fontoura))))))





"Hoje deixei meu corpo lá em casa para manutenção e vim lhe trazer flores só com a alma"
(((((( Romir Fontoura ))))))

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

AFASTA-SE, MAS JAMAIS SE REDUZ


A forma “camuflada” do ser,
Envolto em seu capuz,
distancia-se da luz.

Um passageiro que pega carona com seus ensejos,
e seu veiculo é mais possante que qualquer máquina
dos humanos e seus desejos.

Talvez seu coração pulse nas pernas
Profundo conhecedor do amanhecer sem dor
um provedor de caminhos abstrusos
sempre chega, mas nunca se rebela com os intrusos.

Um dia em terra, outro que enterra.
A forma camuflada envolta em seu capuz
Afasta-se, mas jamais se reduz.

Olha nas vidraças e ver os corpos cobertos
dorme com os olhos entre abertos.

Quando amanhece,
Senta-se na calçada, e olha para os pés descalços.
Abre na pagina, faz a leitura do autor que conhece.

Mesmo cansado, lembra do passado.
Num processo do retrocesso
nem pelo presente tem mais acesso.

Empunha seus pertences;
Uma bolsa surrada e um cantil
nunca mais viu a mãe gentil.

Embrenha-se no pó da estrada
Afasta-se, mais jamais se reduz.
num momento desaparece,
distanciando-se da luz.



Romir Fontoura

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

A CANÇÃO QUE FALAVA DE MIM E DOS OUTROS, QUE NA VERDADE SOMOS NÓS"


Encanto-me com um canto,
Que falava de mim e dos outros
Que na verdade somos nós.

Da voz ativa do vocalista que seguia sua lista,
E de um trecho que dizia assim;
“Hoje estamos aqui para comemorar mais um dia que sai da minha poesia”.
Assim todo mundo canta,
Vozes na madrugada, onde quem dormia se levanta.

Segue-se o coro; que falava de mim e dos outros,
que na verdade somos nós.

Escuto os rifes do violão, o som da criação.
Vejo o medo indo embora pela contra mão.

E quando olho para mim mesmo lembro dos outros,
que na verdade somos nós.

E grito que faz um eco, suspiro e continuo.
Os acordes retribuo, e quando canto mais alto
Peço ajuda ao velho sueco.

A magia do encontro, que falava de mim e dos outros,
que na verdade somos nós.

As vozes exalam as melodias, até quem não cantava.
Aprendia, a canção entrava a noite e varava o dia.

Numa nota que dizia assim:
“Hoje estamos aqui para comemorar mais um dia que sai da minha poesia,
Que falava de mim e dos outros,
que na verdade somos nós”

Romir Fontoura

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

O TEMPO GRITA PARA MIM



O tempo grita para mim, com sua voz esguia,
És guia da imperfeição,
Mas minha feição é o oposto da perfeição,
E com afeição esbravejo
És brava vejo,
Como um leão que segura a caça pela boca,
Um pedaço da carne oca.
Repartido para as crias famélicas.

Tempo, tutor e retentor.
Abra os braços como um redentor
Faça a restauração dos dias incólumes
E recupere as lições e seus costumes.

A extinção da extinta ação,
Versos vagos, almas vagas que vagas.
Nunca um novo tempo sem imaginação
Uma auto destruição das parasitas e das pragas.

A mentira corroendo a corda da verdade
A mente coruscante dos renegados,
Vestígios ainda incrementam a realidade
Os corpos dos flagelados congelados.

O tempo ainda grita para mim, com sua voz intermitente.
Ritos e escritos, prescritos, mas nunca antes ditos.
Como uma estrovenga que chega de repente,
Mas aqui ainda se vive; os Benditos e os malditos.
Dentro deste mesmo espaço ainda existente,
Dentro deste tempo dos súbitos e os súditos





Romir Fontoura





segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

PAVRAS PALVRAS PALAVRAS




pavras palvras palavras
Provas uma ovas,
Defuntos debaixo das covas.

Mulheres ociosas
De peles oleosas,
Segredos do azedume
Luzes sem vagas lumes.

Pavras palvras palavras
Faça sua aposta
Livre-se da proposta,
Suba descalço a calçada

Puxe o coro dos emudecidos
Retire a lança do peito dos vencidos
E prossiga
Siga
Pare quando vir o sinal
Nunca um lamento final

Os tons marcantes
É esperar que todos cantem.

A letra que dizia um refrão assim;
Pavras palvras palavras.
Palmas para as almas
Que ainda amas






Romir Fontoura

domingo, 27 de janeiro de 2008


"Educação vem do berço, mas quem nasce debaixo da ponte não tem berço"



//// Romir Fontoura ////

sábado, 26 de janeiro de 2008


"E quando lembrar de mim, lembre primeiro do meu sorriso como um convite para sentarmos na mesma mesa"


"""""Romir Fontoura"""""

Não preciso voltar (Tragam para mim)


Não preciso voltar,
do lugar sublime,
Onde os pássaros exalam melodias
Que simplificam os dias.

Tragam para mim
Mais um pouco de mim,
Mas isso não são bulas de remédios
Que curam os tédios.

Tragam para mim
Mais um pouco deles,
Mas isso não são teoremas
Que viram temas.

Não preciso voltar
Do lugar que sempre vivi,
Onde as máscaras cobrem os rostos
Cheios de desgostos.

Tragam para mim
Mais um pouco de inovação,
Mas isso não são frutos maduros
Cheios de caroços bem duros.

Não preciso voltar,
Para o chão de migalhas
Onde os vultos brigam pelas paredes
Cheios de sedes.

Tragam para mim
Mais um pouco de nostalgia
Mas isso não são magias
Cheio de orgias.

Não preciso voltar
Do espaço que ainda me cabe
Mas isso é apenas um viver
Quero mais, que apenas sobreviver.




((Romir Fontoura))
________________

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

O SER FINITO QUERENDO FINDAR O INFINITO


O ser finito querendo findar o infinito,
Uma voz rouca que emitia paz, hoje emudecida.
Uma mata nativa de plantas verdes ativas, hoje cinzas.
A mudança repentina na era,
Flores que já era.

Cubra com o manto de sua própria imagem refletida
E reflita sobre si mesmo que a dor é de graça
Mas os corpos mais frágeis pagam caro por ela.

Pedra sobre pedra, mais um tumulo que se faz.
Agora um abrigo consistente.
Ante desgraça, ante fome, ante dor.

A insígnia se torna um clivo cravado no peito,
O abriga da luz, abriga as sombras de cada um.
Insista na existência ela ainda faz parte de nós,
O ser rastejante, a cria profana, o dono do dom.

A mesma forma do formato humano,
do sub humano, uma partida sem reconstruções,
um passo, sobre os passos, marca passo.

A crescente devastação
Devasta a ação da ação devassa.

Junte seus pertences e ponha na arca
Arque com as conseqüências,
Como um arqueiro que acerta o peito do oponente.

Mantenha a vida, sem reter vidas.
Ponha a cabeça fora do mundo para respirar melhor,
Plante uma arvore, escreva um livro
mas nunca faça um filho se tornar um arqueiro
ou um oponente.




""" Romir Fontoura"""



quinta-feira, 10 de janeiro de 2008


"Minha alma machista anda sempre despida, assim fica mais fácil adentrar no corpo feminista"



¨¨¨¨ Romir Fontoura¨¨¨¨

sábado, 5 de janeiro de 2008

“A justiça é como as serpentes; só morde os descalços”

Monsenhor Oscar Arnulfo Romero

BRASIL SEM CONSERTO NUM CONCERTO DE POUCAS VOZES


A vida se estende perante os anos, e os anos se estendem perante as ações de cada um de nós, armados ou desarmados, mudos ou calados, fortes ou fracos, almados ou desalmados; uns insistem em mudanças e fazem, vão à luta, gritam pelos direitos, outros insistem em pegar carona nas mudanças alheias e do meio. Outros exercem somente a síndrome ativa da destruição, as crianças se aderiram às máquinas findando o sentimento pueril em dizer a benção com os lábios lambuzados de doce caseiros, os humanos querem mudar a si mesmo para corrigir a sua própria natureza e deter a passagem do tempo; cabeleiras, lábios, pômulos, seios, bundas, mudanças externas vistas a olho nu, mas despida aos olhos internos da consciência, da essência em sermos nós mesmos e fazer por onde mesmo em caminhos sórdidos. O ladrão que rouba um saco de pão seven boys sofre um castigo maior que um empresário responsável pela morte de um operário num acidente que podia ser evitado, o roubo não é menos roubo quando cometido em nome de leis ou de políticos, poderosos, mas infelizmente em nossos pais a realidade é outra bem mais imposta, nunca seremos iguais, pois não vivemos em igualdade, haverá sempre um faminto maltrapilho na esquina pedindo esmola para um engravatado, haverá sempre meninos descalços observando tênis importados em vitrines requintadas, haverá sempre mocinhos em alta velocidades exibindo o carro importado que o papai político, empresário o presenteia com as finanças da “lavagem” do dinheiro mais suja que aquela “lavagem” que alimentam os porcos dos lixões subumanos, e sempre haverá um cego abrindo caminho encostado em sua bengala e tropeçando nos buracos das calçadas deixados pela falta de atitude dos governantes, estamos cada dia presos e condenada a vivenciar a partida da complacência regada à falta de paciência que rege a orquestra de um país sem coro, sem vozes que exibem um timbre empunhando proteção aos mais fracos, desprovidos dos que os outros tem em sobra e desperdiçam.
Outro dia tive um sonho, que estava virando nosso país ao avesso como quem vira uma camisa amarrotada, e na etiqueta estava escrito “Brasil sem conserto num concerto de poucas vozes” como dizia monsenhor Oscar Arnulfo Romero, Arcebispo de San Salvador, assassinado em 1980; “A justiça é como as serpentes; só morde os descalços”



Romir Fontoura

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Óscar Arnulfo Romero Galdámez


Sacerdote católico da América Central nascido em Ciudad Barrios, El Salvador, no Dia da Assunção da Virgem Maria e mártir da luta pelos direitos humanos na América Central. Foi ordenado sacerdote (1942) e tornou-se Bispo Auxiliar de São Salvador (1970), com o lema de sua vida: Sentir com a Igreja. Os anos em que passou como Auxiliar foram muito difíceis, devido a um sacerdócio tradicionalista, com posturas conservadoras diante da situação, que não se adaptava à pastoral social que impulsionava a Arquidiocese, além do difícil ambiente na capital e a situação da violência assustadora. Tornou-se Arcebispo de San Salvador (1977) e o assassinato do seu amigo, o jesuíta Padre Rutilio Grande, em 12 de março daquele ano, e de um grupo de camponeses, inclusive crianças, que regressavam de um ato litúrgico, assassinados sem compaixão por alguns militares, revolucionaram a sua vida. De pessoa fortemente conservadora, introvertida e pouco aberta às aspirações do seu povo, despertou para a gravidade da situação de injustiça e violência que se vivia e compreendeu que a sua missão de pastor era tornar-se defensor do povo, a voz dos sem voz. Começou a se identificar mais com os pobres e a chamar os assassinos e opressores pelo nome e sua pregação começou a dar frutos na Arquidiocese, a união do clero e dos fiéis em torno do seu chamado e a proteção da Igreja. A situação complicou-se após a eleição reconhecidamente fraudulenta do general Carlos Humberto Romero para a presidência. A violência e a opressão da elite salvadorenha apoiada pelos Estados Unidos acentuou-se e pela sua postura dura contra a violência e as injustiças de que o seu povo era vítima acabou por receber inúmeras ameaças de morte, tendo sido assassinado com um tiro no coração por um franco-atirador, no dia seguinte a ter ordenado em nome de Deus, o fim da repressão contra o povo, enquanto celebrava a Eucaristia na capela do Hospital La Divina Providencia em San Salvador, a 24 de março (1980).