sexta-feira, 28 de março de 2008

ENVELHEÇO AO LUAR DEPOIS DOS RAIOS DE SOL (Sinto falta do que faz falta)



Envelheço ao luar depois dos raios de sol,
Sinto a força viva da alma morta de nossos antepassados,
Antes nunca tivesse passado por aqui, onde se lembra dos calçados, mas esquece os passos.

Sinto falta do que faz falta,
do brilho raro da bailarina empunhando seu aro,
do palhaço cheio de pigmentos coloridos que busca o sorriso preso no peito vazio,
do equilibrista que usa a corda como um caminho onde cabe só ele.

Envelheço ao luar depois dos raios de sol,
Sinto falta do cheiro da terra molhada, do espantalho que dali fez sua morada,
do par de botas que cobria os pés noduosos, dos casos dos idosos.

Sinto falta do que faz falta,
da serventia da casa, da mariposa e sua asa.
do correr do rio, do respeito da criança que não dava um pio.

Envelheço ao luar depois dos raios de sol,
Sinto a voz de um chamado, um tanto aclamado.
O corpo enlamaçado como lembrança de um tempo que já foi amado.

Sinto falta do que faz falta
da alma infantil, onde o sorriso do adulto era mais pueril.
E o velho não envelhecia sem espaço como um cão dentro de um canil.

Envelheço ao luar depois dos raios de sol,
Simplifico os gestos no que ainda não virou resto,
Ajoelho e devagar peço,
que será deste pequeno universo
mas na verdade se pudesse...
resumia tudo em apenas um verso.


Romir Fontoura


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