quinta-feira, 28 de julho de 2011

Estaria sozinho se assim pensasse (A caverna do cavernoso) )



Estaria sozinho se assim pensasse;
A guardar pensamentos no foco da memória, e desguardar de mim uma tal coragem.

Estaria sozinho se assim pensasse;
Que os dia ilustres desabam como casas em barrancos nos dias de chuvas, que se olhasse para trás ia me ver querendo chegar onde estou, que meus ouvidos não entupiriam de ouvir lamentos inoportunos e que minha boca cansaria de reclamar por alguém mais perto de mim.

Estaria sozinho se assim pensasse;
Que minha voz se cala por falta de fala, mas meu pensamento não se cansa de dizer certos dizeres e minha mente imprime ali por perto a imagem de alguém que chega de repente.

Estaria sozinho se assim pensasse;
Que as paredes não me escutam, o chão não me sente e o teto não me vê, que as sombras compartilham comigo uma parte do colchão, e que a luz se apaga quando se desliga o pendulo do desprendimento.

Estaria sozinho se assim pensasse;
Em não viver mais dias como esses de outrora, em sucumbir dentro de si o egoísmo nato de um corpo só, em dizer adeus sem ao menos partir.

Estaria sozinho se assim pensasse;
Que não poderia estar aqui novamente por motivo qualquer, que um dia não mais poderia voltar.

Estaria sozinho se assim pensasse;
Em não mais conjugar o verbo ser e estar.




::: Romir Fontoura:::


Singular homenagem ao amigo de sempre e a sua mais nova morada " A caverna do cavernoso" {Que as tetas das palavras virem facetas para os poetas}

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