Seda seu lugar para a meretriz na mesa de parto,
Parto, mas deixo um pouco de fragmento,
Fragmento os beijos numa tela bordada,
Bordada são as asas das borboletas,
Borboletas voam sem pára-quedas,
Pára quedas, mas não pára tombos,
Tombos deixam os corpos ralados,
Ralados, os mamões e as cidras viram compotas,
Compotas de vidros ornamentados e forjados.
Forjados, são os que aceitam e calam.
Calam os meninos, pois vai começar a novela,
Novela, quando atrasa as donas ficam bravas,
Bravas, são as galinhas quando estão chocando,
Chocando estão às ações da humanidade,
Humanidade que não cuida, só descuida.
Descuida dos seus pertences para você ver,
Ver era um desejo do cego da praça,
Praça vira avenida, avenida é passagem para a rodovia,
Rodovia passa os carros enfumaçados,
Enfumaçados são os fogões a lenha,
Lenha, que vira carvão,
Carvão, que assa a carne,
Carne, até animal ainda tem,
Tem terno de linho na loja da esquina,
Esquina onde ficam as mulheres de batons,
Batons que vieram do estrangeiro.
Estrangeiro, quando chega aqui acha que já é dono,
Dono tem dinheiro,
Dinheiro compra comida,
Comida mata a fome,
Fome mata gente,
Gente diz que pensa,
Pensa e acha que existe,
Existe é muita sujeira lá fora,
Fora os engravatados corruptos,
Corruptos lavam as mãos com sabonetes líquidos
Líquidos não são duros como os sólidos,
Sólidos são os muros que dividem os povos,
Povos existem em todas as partes,
Partes, nunca são repartidas iguais,
Iguais, são os olhos dos japoneses,
Japoneses cospem tecnologia,
Tecnologia para construir viadutos e pontes,
Pontes passam sobre rios,
Rios estão cada vez mais poluídos,
Poluídos ficam meus olhos quando enxergam isso tudo,
Tudo para quem tem, é nada,
Nada, para ganhar medalha de ouro,
Ouro foi-se todo daqui,
Daqui a pouco é outro dia,
Dia, onde começa tudo novamente,
Novamente nunca será uma nova mente
Nova mente já se cria em laboratórios,
Laboratórios manipulam remédios
Remédios trazem a cura,
Cura, não é milagre,
Milagre só Deus ainda sabe fazer,
Fazer tem que ter disposição,
Disposição só tem quem levanta cedo,
Cedo os galos cantam,
Cantam os fieis nas igrejas,
Igrejas são casas de orações,
Orações são feitas com terços,
Terços são confeccionados para as beatas,
Beatas são senhoras,
Senhoras andam com os senhores,
Senhores, já foram filhos.
Filhos dão trabalho.
Trabalho faz ganhar o pão,
Pão dormido fica velho,
Velho, vai dizimando até morrer,
Morrer é só para quem está vivo.
Vivo?...
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