domingo, 4 de novembro de 2007

ALUCINAÇÃO (Nas alturas de uma outra dimensão)


Ainda me lembro do enlace na neblina
Nas alturas de uma outra dimensão,
O rastro enfumaçado e mórbido que invade a retina,
A visão distorcida e conturbada como efeito da alucinação.

Meu corpo estático, minhas mãos se agarram em vão
A voz que chega aos meus ouvidos me implorando para descer,
Parece que estou pendurado nas asas de um avião,
O vento invade a face, fazendo meus dedos esfriarem até endurecer.

Como um urubu vejo do alto a carniça de roupas multicoloridas.
Os mortos daquele instante passam por mim como um foguete,
As nuvens se transformam em mulheres arrependidas,
O sol de lâminas afiadas vai me cortando como um estilete.

Os anjos de unhas negras querem arrancar meu coração.
Minha sombra amedrontada tenta resistir ao ritual,
Onde estão os Deuses responsáveis pela proteção.
Meu sangue escorre do céu como lágrima natural.

Já não consigo respirar como um Guepardo ofegante
Cada pedaço de mim, despenca sobre a terra inundada
Meu nariz virou uma fornalha de fogos dançantes,
E o que sobrou inteiras, forma minhas mãos penduradas.

Os meus pedaços são juntados como peças de ligação
Braços e pernas pareciam galhos de árvores esturricados,
Meus olhos ainda piscavam sem dilatação,
Minha boca abria e fechava jurando justiça aos culpados.

Romir Fontoura



A palavra alucinação significa, em linguagem médica, percepção sem objeto; isto é, a pessoa está em processo de alucinação percebe coisas sem que elas existam. Assim, quando uma pessoa ouve sons imaginários ou vê objetos que não existem ela está tendo uma alucinação auditiva ou uma alucinação visual.


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