sábado, 10 de novembro de 2007

O HOMEM COM SEU MACHADO, MARCHA EM DIREÇÃO AO ACHADO


O homem com seu machado marcha, em direção ao achado.
A lamina afiada da discórdia, reflete seu rosto cálido.

Erguem-se os pulsos
enquanto a mata ainda respira
o coração intacto como a madeira maciça
a madeira do caixão, que guarda seu corpo que já não mais respira
a madeira do seu guarda roupa que guarda seus pertences
sua blusa de lã de carneiro, seu sapato de couro de jacaré
suas camisas de fibras sintética.

O homem pensa que pensa
Fere a si mesmo a cada instante
Cava o abismo e se enterra dentro dele.

Mas dentro do abismo ainda existe;
Mac donalds e coca cola..
Sombra e água fresca.

O homem com seu machado marcha em direção ao achado
Devasta o caminho, mas nunca chega a “lugar nenhum”.

Correm contra o tempo em seus carros que cospem fumaças
Nas suas “espaçonaves” aerodinâmicas.
Na sua ânsia sistêmica.

Mas dentro do abismo ainda existe;
Preto-óleo, branco-neve.
Arco-íris; meio-ambiente. (só meio).

O homem pensa que pensa
Cospe a saliva da ganância em si mesmo.
E faz do abismo seu imperialismo.

Mas dentro do abismo ainda existe;
Cérebros enlatados, genes alterados;
Alimento transgênico e fome ecumênica.

O homem pensa que pensa
E corta um pedaço de si mesmo a cada instante
Com o machado que se sustenta do achado.

Romir Fontoura









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