sexta-feira, 23 de novembro de 2007

CORPO OCO


O coração cora a ação,
Doura a aura
Encarna a carne
Língua mingua
De salivas salobras

A veia aorta entupida.
O sangue sungue,
Sangra sangre.
A arte remota de sofrer.
Que faz romper
O cordão umbilical
Nas mãos sujas de cal.

Víscera encera
As tripas
Ripas no telhado da alma,
E no sótão,
Soltam os espíritos
Em espirros,
As esfinges com tumores na laringe
Finge que a dor não dói.

Os abraços abraçam os baços,
A cria que ria
Soletra a letra só.

E o corpo oco
Contenta-se com tão
Pouco.



Romir Fontoura









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