terça-feira, 23 de outubro de 2007

DESVARIO


Às vezes penso que todos fugiram
Mas na verdade nunca chegaram,
Tento conversar com a cadeira mais próxima
Pelos menos pés ela tem, e já podemos caminhar juntos.

Penso em partir depois de todo Mundo
Mas sou o último, depois do último que não veio,
Desenho nas paredes do inconsciente o que nunca vi consciente.

Vozes passam pela janela
Sombras entram pelas frestas da porta
Executamos um brinde ao acaso,
Já não estou mais sozinho.

Mando um beijo para o espelho sem face,
E um abraço nos mutilados
Mas na boca da noite ainda existem sorrisos,
Vazios ou não, mandam o dia embora.

Ainda escuto com meus ouvidos entupidos de gritos,
O sonoro apelo dos senhores insanos
Criaturas que ninguém atura.

Mesmo tendo seu báculo brilhante
e podendo ser confundido com um Soberano
os desvairados são duas pessoas.
Frente a frente na mesma face.

“ Aos desvairados que conversam consigo mesmo, não deixam de serem artistas, fazem a primeira e a Segunda voz, com uma só voz e nunca se desentendem, pois eu nunca vi um desvairado brigando consigo mesmo.”
\0/ Romir Fontoura \0/

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