segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Quase insignificante ( "Grão de pólen humano" )


sou esse ser; queria não ser só esse a consertar a manivela do tempo enguiçada,
mas o vento já chegou, senti um sussurro nos ouvidos.
Se eu fosse um grão de pólen já estaria longe daqui,
levitando pelas veredas do grande sertão.
Pois ser tão humano, é nem isso poder conquistar.
Saborear a extensão da longitude sem depender da falta de virtude
do sopro esbaforido do vento, que me transporta.
Pois é... Ser tão humano é não poder nem sequer consertar a manivela do tempo, Para levar vento ao deserto do sertão, e transportar mais um "grão de pólen humano" bem minúsculo, quase insignificante.



:::::: As vezes posso estar por ai, é so olhar para o alto onde o vento sopra :::::::



**Romir Fontoura**

SAUDADE DO FUTURO


Qualquer dia ele chega sem ao menos avisar ou talvez não venha ate aqui, onde os homens “respiram e aspiram por um tempo melhor”,
inventando a cada dia, um compromisso onde o relevante se torna omisso.
As raízes da memória, o sacrifício de um novo tempo,
Mas mesmo assim, serei assim.... Querendo algo que traga saudade, que expresse futuro.
Suportando a tudo na simplicidade da espera, na força de um ato qualquer.
Só não serei o mesmo, a esperar na fila da seqüência do tempo.
E se um dia por aqui chegar, talvez nem saiba se realmente foi ele quem chegou
Pois ate lá minha saudade já se foi, e tudo... tudo voltará a ser novamente o presente.

Esse escrito vai para o amigo THIAGO TURBINAS pela sugestão do título.


**Romir Fontoura**

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Sucata


Tudo que sobrou ainda usaremos um dia;
moedas no bolso, migalhas pelo caminho,

a lágrima derramada,
o pranto sentido.

Os pés no chão saboreando a calçada,

o corpo confuso deitado num banco qualquer, ainda respira.

A vida em sucatas, separadas em peças,

validade vencida,
o que sobrou ainda tem validade,
completando uma nova peça do que antes era sobra.
O corpo, o carro, a bicicleta, o desejo, o apego, a casa, a raiva, o ouro, a carteira... No fim tudo vira sucata...




***Romir Fontoura***

Fugindo de mim sinto tanto minha falta.



Acordo com tal sentimento num dia de pressentimento,
saio de mim para buscar reparo e reparo que ainda resta mais um pouco de mim pelos caminhos a seguir.
Fugindo de mim sinto tanto minha falta.

Vivo inventando vida, surgindo de repente num repente qualquer,
Ei de ser, um ser formado em possibilidades com habilidades.
expelindo lágrimas para regar os olhos secos, fazendo zueira nas mediações dos ouvidos para criar ecos.

Assim como antes, me vejo distante
e sorrateiramente finjo estar por perto,
fugindo de mim sinto tanto minha falta.

Respiro as vozes, ouço os pensamentos,
estou presente mesmo ausente,
fugindo de mim sinto tanto minha falta.




Ai de mim se não fosse eu....



**Romir Fontoura**

RIBEIRÃO DO CARMO


Líquido claro e frio que nasce a montante e morre a jusante...
Ôh sangue da terra! que hoje já não é mais um rio...

Foge no embalo da gravidade, pesado de esgotos e outras porcarias....
O que fizeste no passado para hoje merecer tamanho castigo???
Ôh rio! de cidades históricas, heróico é a sua insistência de manter-se vivo em meio tamanho desprezo...
Você que antes carregava a vida e que agora espalha a morte é sinônimo de cólera, hepatite, amebíase e leptospirose...
Ninguém mais em teu corpo pode adentrar, a sua água já não dá mais prazer e nem mata a sede de um homem que ainda depende dessa fonte para viver...

O que te resta, ôh rio! são canos de PVCs soltando ás mesmíssimas fétidas em seu longo caldário... Por isso, foge... Foge! Ôh rio... que não é mais de ouro... Foge! Ôh rio... de dejeto humano...


Edson "Cavernoso"


Versos verdadeiros do sempre amigo !!

Vivenciai (O que podemos ver além dos olhos)


Vivenciai o que podemos ver além dos olhos,
na embriaguez das atitudes uma dose menor no próximo momento.
Grito e entendo o silêncio, em silêncio espero o grito como um rito que vem da garganta, apresso os passos para chegar mais perto de mim, vou além da minha sombra na calçada.
Vivenciai a perda depois de um ganho qualquer.
Mesmo sem mim, há você. Mesmo sem nós há outro alguém que se lembra de todos.
Calo e percebo a fala, quando falo ouço a voz dos calados que de olhos arregalados suspiram medos e metáforas, ei de ser eu mesmo...por dentro e por fora, a toda hora.
Indo e vindo trago mensagem, vejo com ensejo mais um capitulo do desejo.
Vivenciai a conduta depois da luta e da labuta.
A mesma força faz o pau da forca, de um lastro vem à idéia do simples ao abstrato.
Corro e vejo passar por mim quem já passou por eles, percebo que sozinho só me distancio.
Vou andando por ai carregando um tapete, nas linhas e entrelinhas vou seguindo, e quando aquela que me deu vida chegar... Estico o tapete e a vejo passar...
Vivenciai esse momento com a força de um pensamento.



**Romir Fontoura**



Vivenciai cada momento...

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Auto-estrada da existência


Obstáculos ao longo do caminho,
desvios na consciência, trechos em obra no acostamento do espírito.
viagem translucida em busca do eu interior,
ultrapasso mais um pensamento distante,
paro para abastecer meus sonhos,
reparo as imagens que se formam no retrovisor da mente,
dou carona ao entusiasmo, atropelo a amargura
sigo conservando a direita, e a estrada continua .....


**Romir Fontoura**

Um foco de luz no horizonte (uma energia que me conduz)


Um foco de luz no horizonte, alguém me chama do outro lado da ponte,
o vento traz a chuva pro meu lado e desvia a luz para o chamado,
Penso estar indo sem volta, a imagem tem escolta.
Olho para trás e uma vasta imensidão e na minha frente uma espécie de radiação,
Não consigo decifrar o sentindo da luz, que me atrai que me conduz.
Meu corpo em movimento atravessa a ponte, assim consigo ver ate que a imagem me aponte.
Quando percebo que estou quase chegando do outro lado, percebo que não estou isolado, Olho para trás e me espanto com a fila que se formou com a luz que se irradiou.
Finalmente sinto uma mão me tocar quando atravesso a ponte, uma energia misteriosa que se deu como fonte.
Espero e vejo passar por mim um exercito sem igual guiado pela força natural, prossigo meu caminho agora com a luz dessa energia que me conduz.


**Romir Fontoura**



¨* As vezes ficamos sem saber por onde seguir, o caminho da vida se modifica a cada instante e num instante qualquer precisamos de energia, de força, de percepção, de coragem, de animo para prosseguir e continuarmos iluminados como orientação de uma força extra, de um condutor natural para seguirmos em frente...

¨* luz a todas as criaturas, luz na imensidão para chegarmos tão perto; de quem gostamos, do que queremos alcançar e do que queremos mudar.

Ei de ser o que ainda não fui... (Uma onda que flui )
















Ei de ser o que ainda não fui;
Um fazedor de letreiros que embola palavras e forma dizeres,
Um soletrador lascivo ao soltar inúmeras palavras,
Uma onda que flui.

Ei de ser o que ainda não fui;
Um qualquer, um alguém, um aquém
Um ninguém, um retrocesso, um acesso.
Uma onda que flui.

Ei de ser o que ainda não fui;
Depois de ser alguma coisa que custe outra coisa,
Uma nota de 100, uma pepita de ouro, um diamante,
Um reflexo no escuro, uma sombra sem luz.
Uma onda que flui

Ei de ser....
A desistência de um começo que quase chega ao fim,
Um choro que rega a emoção,
a porta da percepção, o choro da criança expansiva
um curso de realidade intensiva.

Ei der ser o que ainda não fui
Uma onda que flui; que se forma forte, poderosa e combatente
e depois se desfaz... Assim como nós



**Romir Fontoura**

Estaria sozinho se assim pensasse


Estaria sozinho se assim pensasse;
A guardar pensamentos no foco da memória, e desguardar de mim uma tal coragem.

Estaria sozinho se assim pensasse;
Que os dia ilustres desabam como casas em barrancos nos dias de chuvas, que se olhasse para trás ia me ver querendo chegar onde estou, que meus ouvidos não entupiriam de ouvir lamentos inoportunos e que minha boca cansaria de reclamar por alguém mais perto de mim.

Estaria sozinho se assim pensasse;
Que minha voz se cala por falta de fala, mas meu pensamento não se cansa de dizer certos dizeres e minha mente imprime ali por perto a imagem de alguém que chega de repente.

Estaria sozinho se assim pensasse;
Que as paredes não me escutam, o chão não me sente e o teto não me vê, que as sombras compartilham comigo uma parte do colchão, e que a luz se apaga quando se desliga o pendulo do desprendimento.

Estaria sozinho se assim pensasse;
Em não viver mais dias como esses de outrora, em sucumbir dentro de si o egoísmo nato de um corpo só, em dizer adeus sem ao menos partir.

Estaria sozinho se assim pensasse;
Que não poderia estar aqui novamente por motivo qualquer, que um dia não mais poderia voltar.

Estaria sozinho se assim pensasse;
Em não mais conjugar o verbo ser e estar.



*Romir Fontoura*



parafraseando Jean paul Sartre:

"Se você sente tédio quando está sozinho
é porque está em péssima companhia".

* Memória de uma bosta

No começo da minha gestação ainda era um simples alimento a transitar numa viagem de nove horas pelo organismo. Depois de três dias no hospital “intestino grosso” perdi água e sais e me transformei num individuo solido com massa uniforme foi quando nasci, e assim me registraram como FEZES, e desde pequeno já me apelidaram BOSTA, mas nos vários lugares que passei ganhei varias designações dentre elas; cocô, estrume, eca, excremento .... e ate de merda.
Hoje minha aparição se tornou famosa, todos já me conhecem Por onde passo, sou notada, a maioria comenta de mim. Já visitei casa por casa desse mundo, canto por canto, chão por chão, montanhas, bosques, florestas, igrejas, templos , Parques, empresas, rios, riachos, lagos, mares, campo de futebol, bares, restaurantes, cidades, lugarejos... por toda parte já passei . Hoje ninguém é mais famoso que eu, Por onde passo, deixo meu rastro, por onde passo tiro a respiração, As vezes ate me confundem com santa e dizem “Nossa senhora”. Mas o que fica na memória de cada um é minha essência. E quando se lembrarem de mim diga assim; “QUE BOSTA”


*Sugestão do título Katia Vitalino



Romir Fontoura


Eu sinto como se seguisse minhas muletas por ai
















Devagar sem parar, sigo andando,

ando seguindo sem parar.
Abro a maleta e pego a muleta
devagar sem parar, sigo andando.

Pernas de madeira pra subir ladeira,
Pernas de pau pra subir degrau,
Ando seguindo sem parar,
a muleta esguia como estrela guia.

Devagar sem parar, sigo andando
Pisando no chão devagar como se fosse levitar
Não posso correr, mas não posso parar.

Eu sinto como se seguisse minhas muletas por ai
indo e vindo pelas linhas do chão, seguindo as trilhas do coração,
Ando seguindo sem parar,
não posso voar, mas não posso parar.

Devagar sem parar sigo andando,
Piso na calçada, na rua, na estrada, no chão de massa
faço da minha desgraça, uma graça.


Romir Fontoura