sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

ESQUECER SEM REALMENTE NUNCA TER LEMBRADO


Esquecer sem realmente nunca ter lembrado
É ocultar seu criacionismo
Sua culpa madura que cai do galho da vida a cada instante.

Mas a arvore maior é a que dá menos frutos
Onde a reiteração de si mesmo, é o inverso do inoportuno,
Os frutos fartos não se vendem em feiras,
e vidas não se colhem como tais frutos.

As sementes ainda continuam a germinar
Na terra os frutos
No ventre a vida.

As arvores ainda continuam a crescer
No pomar os frutos
Na genealógica a vida

Esquecer sem realmente nunca ter lembrado
É pisar com força no ventre da terra
E deixa-lo marcado com as pegadas
Do inoportuno.


Romir Fontoura

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

FAÇA A ESCOLHA DA LIVRE ESCOLHA


Riscos e rabiscos adentram a madrugada
Palavras novas e usadas sobre a folha sem linhas
Rasgue o verbo e reparta para quem tem fome de frases,
Alimente cada um com seu cada qual.
E cada qual alimente cada um.

Afazeres e deveres adentram o dia,
Palavras velhas e desbotadas sobre a rua alinhada
Rasgue o bucho e escolha um ventre com suíte.
Alimente os porcos com as sobras humanas
E que as sobras humanas alimentem-se dos porcos.

Respirar e pirar adentra meu corpo,
Palavras insanas e soletradas sobre a garganta alienada
Rasgue as cordas vocais e cole dentro dos peitos dos emudecidos
Alimente as lembranças com as atitudes
E que as atitudes nunca se alimentem de lembranças.

Faça a escolha da livre escolha,
Desprenda-se das algemas, libere seus pulsos para pulsar.
E seu corpo para incorporar você mesmo nesse teatro imposto.
E que os gritos cheguem até o interior do seu interior.

Mover e remover adentra minha cabeça,
Palavras furiosas e singelas sobre a mente aliada
Rasgue os neurônios e cole na parede do inconsciente
Alimente os pensamentos com ações
E que as ações degustem pensamentos.

Faça a escolha da livre escolha,
Risque e rabisque
Respire e pire
Mova e remova.

Desprenda-se das algemas. Libere seus pulsos para pulsar.



««=»» Romir Fontoura ««=»»

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008


"Que inferno isso aqui, por favor meu senhor... faça-me voltar Para o ventre materno."



**** Romir Fontoura ****

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

OS DEUSES A LEVARAM


O corpo decano
Envolto sob o pano.

Face fragmentada
Do puro medo.

Criatura suntuosa
Que ainda se move.

Pés de nódoas
Como sinais dos passos

Ser sem morada
Que vaga.

Vaga lentamente
Da vida ausente.

Descobre a perfeição
Pelo rosto sem feição.

Sacode o sonho
E põe no varal do destino.

Em desatino, se despe
De si mesma.

E veste se da carapaça
De um tal desejo.

Encontra se com certos deuses
E com eles dançam..
E Cantam a velha canção
Que falava de tempos remotos

E ao se mover, desaparece.
Sem disfarce.

Os deuses a levaram..




Romir Fontoura

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

CORPO AFLITO


Às vezes penso na partida mais espedaçada
Como uma pétala que se desfaz ao rajar do vento.
As formas se confundem dentro do corpo aflito
Tomam formas sem equilíbrio e já não mais voam.

Mesmo distante os olhos percorrem o horizonte
A planificação da visão percorre a distância,
Como um cavalo galopando sem destino
Sem Del, o corpo aflito nunca chega.

Toda voz se cala, quando a solidão percorre as formas.
E dentro de cada corpo a ânsia imatura,
Como frutos maduros que se desprendem dos galhos.
E ao cair um retrocesso do acaso.

Exemplifica-se um formato único e sensível
E as cores de um tal desejo se misturam
Como um arco íris que interliga o horizonte
E distante dos pés... Os passos.

O vôo da adversidade com suas asas esmigalhadas
Os pedaços nunca se juntam no ar,
À parte do corpo que se fazia voar
Já não mais levita.

A concepção que emotiva o espaço,
Traz um novo brilho que vem das criaturas antigas,
Como uma criança que observa estrelas cintilantes no céu.

E as peças que se desfazem,
Vão se unir em um novo tempo...
Mais sólidas como pedras maciças de uma rocha.

E bem distante dali;
O tempo ainda exibe suas asas imponentes
Sobrevoando como um passaro raro,

Pousando sobre a cabeça do corpo aflito, como um corvo, um abutre.
E findando seus dias.



((((((Romir Fontoura))))))





"Hoje deixei meu corpo lá em casa para manutenção e vim lhe trazer flores só com a alma"
(((((( Romir Fontoura ))))))

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

AFASTA-SE, MAS JAMAIS SE REDUZ


A forma “camuflada” do ser,
Envolto em seu capuz,
distancia-se da luz.

Um passageiro que pega carona com seus ensejos,
e seu veiculo é mais possante que qualquer máquina
dos humanos e seus desejos.

Talvez seu coração pulse nas pernas
Profundo conhecedor do amanhecer sem dor
um provedor de caminhos abstrusos
sempre chega, mas nunca se rebela com os intrusos.

Um dia em terra, outro que enterra.
A forma camuflada envolta em seu capuz
Afasta-se, mas jamais se reduz.

Olha nas vidraças e ver os corpos cobertos
dorme com os olhos entre abertos.

Quando amanhece,
Senta-se na calçada, e olha para os pés descalços.
Abre na pagina, faz a leitura do autor que conhece.

Mesmo cansado, lembra do passado.
Num processo do retrocesso
nem pelo presente tem mais acesso.

Empunha seus pertences;
Uma bolsa surrada e um cantil
nunca mais viu a mãe gentil.

Embrenha-se no pó da estrada
Afasta-se, mais jamais se reduz.
num momento desaparece,
distanciando-se da luz.



Romir Fontoura

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

A CANÇÃO QUE FALAVA DE MIM E DOS OUTROS, QUE NA VERDADE SOMOS NÓS"


Encanto-me com um canto,
Que falava de mim e dos outros
Que na verdade somos nós.

Da voz ativa do vocalista que seguia sua lista,
E de um trecho que dizia assim;
“Hoje estamos aqui para comemorar mais um dia que sai da minha poesia”.
Assim todo mundo canta,
Vozes na madrugada, onde quem dormia se levanta.

Segue-se o coro; que falava de mim e dos outros,
que na verdade somos nós.

Escuto os rifes do violão, o som da criação.
Vejo o medo indo embora pela contra mão.

E quando olho para mim mesmo lembro dos outros,
que na verdade somos nós.

E grito que faz um eco, suspiro e continuo.
Os acordes retribuo, e quando canto mais alto
Peço ajuda ao velho sueco.

A magia do encontro, que falava de mim e dos outros,
que na verdade somos nós.

As vozes exalam as melodias, até quem não cantava.
Aprendia, a canção entrava a noite e varava o dia.

Numa nota que dizia assim:
“Hoje estamos aqui para comemorar mais um dia que sai da minha poesia,
Que falava de mim e dos outros,
que na verdade somos nós”

Romir Fontoura

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

O TEMPO GRITA PARA MIM



O tempo grita para mim, com sua voz esguia,
És guia da imperfeição,
Mas minha feição é o oposto da perfeição,
E com afeição esbravejo
És brava vejo,
Como um leão que segura a caça pela boca,
Um pedaço da carne oca.
Repartido para as crias famélicas.

Tempo, tutor e retentor.
Abra os braços como um redentor
Faça a restauração dos dias incólumes
E recupere as lições e seus costumes.

A extinção da extinta ação,
Versos vagos, almas vagas que vagas.
Nunca um novo tempo sem imaginação
Uma auto destruição das parasitas e das pragas.

A mentira corroendo a corda da verdade
A mente coruscante dos renegados,
Vestígios ainda incrementam a realidade
Os corpos dos flagelados congelados.

O tempo ainda grita para mim, com sua voz intermitente.
Ritos e escritos, prescritos, mas nunca antes ditos.
Como uma estrovenga que chega de repente,
Mas aqui ainda se vive; os Benditos e os malditos.
Dentro deste mesmo espaço ainda existente,
Dentro deste tempo dos súbitos e os súditos





Romir Fontoura