sábado, 12 de setembro de 2009

CASARÃO (O VULTO DOS TEMPOS)


No porão do casarão,
as vozes evocam um luto,
como um coro ecoante.

E no riso inexplicável dos condenados
as mãos vazias saudando o martírio,
e na mente escancarada, exposta,
uma solene utopia vulnerável.

Varias frinchas em cada canto,
que passam várias almas,
e cicatrizam os passos inusitados.

No resguardo da lembrança,
A reminiscência dos velhos atos,
que se seduz no mistério de cada quarto.

O casarão no caminho solitário,
como um forte apache de valentes guerreiros.

Há poesia na sala que reunia-se os cultos,
e oculto sobre os vitrais,
as escamas de certos versos transparentes.

Há um trecho da infâmia entre linhas,
na flecha cravada no sábio cego
que sangrou pelo corredor.

Onde nem o crespúsculo do coração mais eminente
viu as sombras do passado que escondia ali.

O casarão destruído, corroído sob cinzas,
vários anos que abrigaram sobre minha cabeça
o vulto dos tempos.


Romir Fontoura

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