Podemos fechar as portas maciças do reino de pedras,
dormir ao efeito dos antigos feitiços,
acordar envolto no mesmo lençol que cobria os guerreiros
e cobrir o rosto com suas mascaras.
Gladiadores de todos os dias,
somo nós, no mesmo reino
um sorriso esfomeado,
uma espada para cortar o lamento.
Os bobos da corte manuseando a capa do rei
comandante supremo do mesmo mal.
Um caminho que leva a masmorra,
onde as sombras tem espíritos,
um choro de lágrimas pigmentadas
quando as cores se misturam
as mortes se igualam.
Primaz comandante impiedoso
os vassalos lambem o chão,
os cortes se aprofundam
e a mentes se definham.
Os cadeados trancam os portões,
as bocas se calam,
a voz que quer gritar, surra os timbres
as algemas marcam os pulsos.
O nobre de passos cadenciados,
o lugar ainda é o mesmo para todos,
o reino tem escadas,
mas os mendigos também tem pernas.
A torre é bem alta,
do alto, os urros viram sussurros
os chicotes labutam sobre a pele suada,
o sangue que corre, é o mesmo que escorre.
Um conflito que gera um grito,
um bando de aflitos, talvez filhos da mesma cria.
Fecham-se as portas do reino de pedras
impedindo que os esfomeados entrem e comam tudo,
os renegados já mastigam o ódio desde que nasceram,
a voz que quer gritar não tem força motriz para abrir o portão.
A torre do reino é bem alta,
mas o céu ainda está distante
do alto, não enxergamos as cores dos corpos
e nem a distinção entre eles.
,...,Romir Fontoura,...,