quinta-feira, 28 de julho de 2011

No acervo do mundo, sirvo; ( depois vai depender do amparo)


No acervo do mundo, sirvo;
Trago idéia no feto da consciência,
ando atrás das minhas pegadas, regadas no horizonte.

Sou parte da engrenagem na configuração da nação, em ação.
Ator coadjuvante de um instante qualquer que vier,
subordinado do acaso imediato, inexato.
O que escrevo relato tudo em um ato, de fato.

No acervo do mundo, sirvo;
Faço de mim um pouco de você entre nós para eles,
contornando luzes nos pequenos espaços que se expandem,
homens feitos de aço, corações de brinquedo pulsantes,
enigma do esconderijo inoportuno do ser que tem sido,
ei de querer, só não sei o que.

Antes e depois serei o mesmo, a esmo.
Desatando os nós dos compromissos sem ser omisso,
um retrato de família sem um ente, filho ausente.
A cria que recria encarna o dom decente,
A cor da coragem só tem um tom presente.

No acervo do mundo, sirvo;
Enquanto faço, enquanto produzo,
enquanto crio, enquanto relato,
enquanto duro... sem reparo,
depois....
vai depender do amparo.






"...Ao acervo do mundo dos quais
fazemos parte, sem reparo..."




.,. Romir Fontoura .,.



"Aos construtores e suas construções"

A vida continua mesmo nua



Algemado ao gemido,
com força para a forca
Oprimido ao comprimido
Sem ânsia pela tolerância
Não sente o sabor do mundo imundo.

Cava a cova
Risca o peito como isca
Deixa sem ação o coração
Tange o sangue

Experimenta a tormenta
Degusta a angustia
Erradia a covardia
hora chora.

Doma numa redoma
Marca com a cor da dor
Assina a sina
esmaece e esquece,
que a vida continua mesmo nua.






Aos que ainda estão por "aqui"....



-'- Romir Fontoura -'-

Não repudie o aplauso de mais um dia qualquer


Não repudie o aplauso de mais um dia qualquer,
Ei de ser, eis quem sou, ex que sou...
Se soubesse de mim não falava tanto de você,
e mesmo um tanto de você é muito pouco sobre mim.

A força que me comove, é o que me move
mesmo aflito, reflito tão menos intacto que a rocha que solta o filito.

Não repudie o aplauso de mais um dia qualquer,
o movimento da fraqueza do lamento é forte,
a vida não pode emperrar como uma porta enferrujada,
a destreza é ferramenta a ser usada.

Ei de ser um camaleão na camuflagem dos dias,
na intuição de mais ação a ressurreição da perfeição.
O prato do dia é a respiração.

Não repudie o aplauso de mais um dia qualquer,
a estância da vida é a constância,
insígnia da ânsia, motivo de mudança e alternância.

Outro dia que vem sem saber a quem
Sem saber de quem, sem saber pra quem
Sem saber com quem....
dizer amem.



;;Romir Fontoura;;

Estaria sozinho se assim pensasse (A caverna do cavernoso) )



Estaria sozinho se assim pensasse;
A guardar pensamentos no foco da memória, e desguardar de mim uma tal coragem.

Estaria sozinho se assim pensasse;
Que os dia ilustres desabam como casas em barrancos nos dias de chuvas, que se olhasse para trás ia me ver querendo chegar onde estou, que meus ouvidos não entupiriam de ouvir lamentos inoportunos e que minha boca cansaria de reclamar por alguém mais perto de mim.

Estaria sozinho se assim pensasse;
Que minha voz se cala por falta de fala, mas meu pensamento não se cansa de dizer certos dizeres e minha mente imprime ali por perto a imagem de alguém que chega de repente.

Estaria sozinho se assim pensasse;
Que as paredes não me escutam, o chão não me sente e o teto não me vê, que as sombras compartilham comigo uma parte do colchão, e que a luz se apaga quando se desliga o pendulo do desprendimento.

Estaria sozinho se assim pensasse;
Em não viver mais dias como esses de outrora, em sucumbir dentro de si o egoísmo nato de um corpo só, em dizer adeus sem ao menos partir.

Estaria sozinho se assim pensasse;
Que não poderia estar aqui novamente por motivo qualquer, que um dia não mais poderia voltar.

Estaria sozinho se assim pensasse;
Em não mais conjugar o verbo ser e estar.




::: Romir Fontoura:::


Singular homenagem ao amigo de sempre e a sua mais nova morada " A caverna do cavernoso" {Que as tetas das palavras virem facetas para os poetas}